Réu pelos crimes de peculato, corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, dispensa de licitação e organização criminosa, o deputado estadual Gerson Claro (PP) é o favorito para ser o novo presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Ele foi “ungido” como candidato do partido pela ex-ministra e senadora eleita, Tereza Cristina (PP).
Em reunião com o governador eleito Eduardo Riedel (PSDB), realizada nesta segunda-feira (19), a deputada federal e o vice-governador eleito, José Carlos Barbosa, o Barbosinha, junto com o decano Londres Machado e o deputado bolsonarista reeleito, Dr. Luiz Ovando, oficializaram que ele será o candidato do partido para suceder o atual presidente, Paulo Corrêa (PSDB).
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O atual primeiro-secretário da Assembleia, deputado estadual José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (PSDB), foi preso na Operação Vostok, deflagrada em 12 de setembro de 2018. Ele foi denunciado por corrupção passiva e integrar a organização criminosa chefiada por Reinaldo Azambuja (PSDB) ao Superior Tribunal de Justiça.
O tucano foi denunciado por ter recebido R$ 67,7 milhões em propina e ter causado prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres estaduais entre 2015 e 2016, conforme a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
Agora, os deputados estaduais se organizam para colocar um denunciado por corrupção passiva e improbidade administrativa no comando do legislativo. Gerson Claro chegou a ser preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em agosto de 2017.
A audiência de instrução e julgamento foi concluída na 3ª Vara Criminal de Campo Grande. A juíza Eucelia Moreira Cassal deve publicar a sentença no início de 2023, caso o Tribunal de Justiça não suspenda o processo para não envergonhar o legislativo. A magistrada também pode inocentar ou condenar o deputado.
No atual contexto da política brasileira, parte da sociedade passou a ter a impressão que ser preso e denunciado por corrupção não é mais motivo de vergonha. O Gaeco pediu a condenação de Gerson Claro pelos crimes de corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, dispensa de licitação, peculato e organização criminosa. Ele pode pagar indenização de R$ 50 milhões aos cofres públicos.
A “ficha do deputado” se transformou em motivo de orgulho para os colegas de parlamento e para Tereza Cristina. “Sentamos hoje com o Riedel para apresentar quadros para sua administração e sobre a nossa escolha para presidência da Assembleia. Ter um partido dialogando com consenso mostra como o Progressistas está forte e unido para trabalhar por Mato Grosso do Sul”, ressaltou Tereza, endossando a candidatura de Gerson Claro.
O deputado estaria reunindo apoio de deputados da esquerda e até de bolsonaristas, que já fizeram muito discurso contra a corrupção, mas apenas dos adversários.
O curioso é que a eleição da Assembleia vai ocorrer justamente quando o STJ joga luzes sobre os escândalos envolvendo os intocáveis conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. No dia 8 deste mês, o ministro Francisco Falcão, do STJ, afastou o presidente da corte, conselheiro Iran Coelho das Neves, o corregedor-geral, Ronaldo Chadid, e o ex-presidente, Waldir Neves Barbosa.
O ministro citou no despacho a Operação Antivírus, que causou a prisão e a queda de Gerson Claro no Detran. No entanto, o magistrado se referiu ao ex-diretor do TCE, Parajara Moraes Júnior, que acabou contratando a Pirâmide Informática, a mesma empresa beneficiada por Claro Detran. No TCE, ela ganhou o contrato de R$ 9,6 milhões.
A eleição do novo presidente da Assembleia Legislativa será no início de fevereiro. Até lá, Gerson Claro vai apresentando as suas credenciais para obter mais apoio no legislativo, para espanto de quem ainda acha que um político deveria seguir o exemplo da mulher de César: não basta ser honesta, mas parecer honesta.