Um dos alvos da Operação Parasita, deflagrada na última quarta-feira (8), é uma empresa que vendeu 20 mil máscaras falsificadas que deveriam ser utilizadas pelos profissionais de saúde do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian. No entanto, apesar do Estado ter desembolsado quase R$ 600 mil, os produtos não foram uteis e foram considerados imprestáveis.
As máscaras foram entregues pela empresa Mega Comercial de Produtos Hospitalares, conforme dados da investigação que O Jacaré teve acesso. Ela é uma das oito empresas investigadas pelo desvio de R$ 14 milhões dos cofres públicos estaduais.
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É apenas um dos escândalos investigados na gestão do PSDB, de Reinaldo Azambuja (PSDB), que conclui o mandato no final deste mês. O HR já foi alvo de outras operações de combate à corrupção, como Again, Reagente, Redime, entre outras.
A Operação Parasita é conduzida pelo GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Antes de deflagrar a operação, autorizada pelo juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande, os promotores passaram vários dias realizando diligências no HR.
O caso das máscaras falsificadas é gravíssimo, porque a falha na compra acabou expondo médicos e enfermeiros à pandemia da covid-19, que causou mais de 700 mil mortes no País. A principal forma de prevenção era a utilização da máscara.
Para proteger os profissionais de saúde, o Governo estadual realizou a licitação para comprar 20 mil máscaras N95. A Mega Comercial se propôs a cobrar R$ 29,99 por cada unidade. No entanto, a empresa teria entregue máscaras falsificadas, que não tiveram o uso pretendido e foram consideradas imprestáveis.
O problema já foi relatado pelo O Jacaré a partir de relatório da CGU (Controladoria Geral da União). O órgão federal até apontou relação de parentesco entre os envolvidos no esquema. Na época, o então secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende (PSDB), eleito deputado federal, não viu problemas.
Sindicância realizada pelo Governo concluiu que houve fraude e má-fé da fornecedora. Agora, a empresa e os servidores envolvidos na fraude poderão ser denunciados pelo Ministério Público Estadual na área cível, por improbidade administrativa, e na criminal, por peculato, fraude em licitação e desvio do dinheiro público.
A Operação Parasita também apurou que houve a compra de contraste para a realização de exames no HR pelo período de quatro anos. No entanto, os produtos não foram entregues e pacientes estão na fila aguardando pelos procedimentos há mais de seis meses.