O Ministério Público Estadual suspeita que oito empresas estão envolvidas no desvio de R$ 14 milhões do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian. Os empresários também teriam pago propina para manter o esquema criminoso. Eles foram alvos da Operação Parasita, deflagrada ontem por sete promotores de Justiça.
É mais um escândalo envolvendo o desvio de recursos da saúde na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB). A Operação Parasita, deflagrada pelo GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção) e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), cumpriu 18 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Itajaí (SC).
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A devassa nos contratos e as buscas foram autorizadas pelo juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande. A principal suspeita é de que a organização criminosa simulou a venda dos contrastes e não entregou o material para o HR.
Embora a instituição tenha adquirido produto suficiente para atender a demanda por quatro anos, pacientes foram dispensados da realização de exames médicos porque não havia contraste. A longa fila de doentes a espera de exame médico foi um dos principais destaques da campanha eleitoral deste ano, vencido pelo candidato de Reinaldo, Eduardo Riedel (PSDB).
As oito empresas são investigadas pelos crimes de associação criminosa, fraude em licitação, emissão de notas fiscais falsas, falsidade ideológica e peculato.
Os desvios ocorriam por meio de compras fraudulentas e simulações de venda para o hospital, mas os produtos não teriam sido entregues. “Até o momento, as investigações já apontam prejuízo de mais de 14 milhões de reais nos últimos anos, mediante compras fraudulentas”, informou o MPE, por meio da assessoria.
O mais novo escândalo ocorre justamente no momento em que o Hospital Regional é alvo de queixas dos pacientes por falta de produtos médicos. Em setembro, o Midiamax revelou que o hospital não realizava cirurgia bariátrica por falta de material há de cinco meses.
A falta de contraste vem prejudicando os pacientes desde junho deste ano, conforme matéria divulgada no domingo pelo Campo Grande News. Um paciente estava internado há quase um mês esperando para realizar cateterismo e não é realizado por falta do material.
“Toda semana os médicos dizem que na próxima semana chega e nada”, contou a filha do paciente, um idoso de 70 anos. “Há ainda informações de que a direção do hospital disse a alguns pacientes que o medicamento foi comprado, mas que o fornecedor não entrega”, adiantou o site, antecipando a revelação do MPE.
Hospital não foi alvo de busca, diz nota do Governo do Estado
Em nota, apesar do desvio ter ocorrido no Hospital Regional, o Governo do Estado destacou que a operação não cumpriu nenhum mandado de busca e apreensão na instituição. Confira o comunicado na íntegra:
“Nota à Imprensa
Tendo em vista a operação do Gaeco ocorrida em Campo Grande para investigar irregularidades em aquisição de medicamentos, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul não foi alvo de busca e apreensão, e está à disposição das autoridades para quaisquer questionamentos.
A SES reafirma propósito de continuar dando transparências às suas ações em favor do fortalecimento da Saúde Pública de Mato Grosso do Sul.
Secretaria de Estado de Saúde
Governo do Estado de Mato Grosso do Sul