O ex-prefeito de Maracaju, Maurílio Ferreira Azambuja, o Dr. Maurílio (MDB), destinou R$ 1,374 milhão do dinheiro desviado por meio de conta clandestina para pagar propina a 11 dos 13 vereadores de Maracaju, a 150 quilômetros da Capital. Na manhã desta quarta-feira (7), a Operação Mensalinho, denominação da 3ª fase da Dark Money, cumpre 22 mandados de busca e apreensão para investigar os políticos beneficiados pelo esquema criminoso, sendo que oito ainda são vereadores e foram afastados do cargo pela Justiça.
Comandada pelo DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), a operação cumpre os mandados autorizados pelo juiz Raul Ignatius Nogueira, da 2ª Vara Criminal de Maracaju. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva dos oito vereadores, mas o pedido foi negado pelo magistrado.
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A investigação é continuidade da Operação Dark Money, deflagrada em 22 de setembro de 2021, quando prendeu o Dr. Maurílio e o ex-secretário municipal de Fazenda, Lenilson Carvalho Antunes (MDB), que foi candidato a prefeito na última eleição. Eles criaram uma conta secreta para desviar R$ 23 milhões dos cofres da prefeitura entre 2019 e 2022.
A continuidade das investigações, conforme o DRACCO, revelou que parte do dinheiro foi usado para pagar mensalinho a 11 dos 13 vereadores da cidade. O pagamento era feito por meio de cheque repassado aos parlamentares ou “laranjas”.
“As propinas eram pagas por ordem do, então, Prefeito Municipal, com a anuência de outros servidores e integrantes da gestão municipal, e tinham como objetivo afrouxar a fiscalização das contas da Prefeitura pela Câmara, além de aprovar projetos, leis que eram de interesse da prefeitura”, explicou a polícia.
“Os valores recebidos por cada vereador variavam, até mesmo de acordo com a influência e participação de cada um na gestão. Por exemplo, o exercício da função da presidência, justificava um recebimento de um valor maior do que os outros recebiam de acordo com o que foi apurado. Em apenas um ano, os pagamentos identificados aos vereadores chegam às cifras de R$1.374.000,00”, informou.
Dos 11 vereadores beneficiados pela suposta propina, oito foram reeleitos e exerciam o mandato na Câmara Municipal de Maracaju. Nesta quarta-feira, eles foram notificados pelos policiais que tiveram os mandatos suspensos e não poderão frequentar o legislativo municipal.
A Operação Mensalinho conta com a participação de 100 policiais do DRACCO e outros departamentos da Polícia Civil. Eles cumprem os 22 mandados de busca e apreensão em Maracaju e Rio Brilhante.
O juiz Raul Ignatius Nogueira ainda determinou o sequestro de valores depositados em contas bancárias e o sequestro de bens e imóveis dos investigados pelo suposto esquema criminoso. Com a nova fase da investigação, o DRACCO apontou que a cidade era comandada por uma quadrilha na gestão do emedebista.
“A Operação Dark Money – Fase ‘Mensalinho’ – é deflagrada em semana crucial para o combate à corrupção, em nível mundial. No próximo dia 9 de dezembro, comemora-se o Dia internacional de Combate à Corrupção. Por conta disso, são realizados em nível nacional, diversos eventos, congressos, que debatem e visam aprimorar cada vez mais o efetivo combate à corrupção”, pontuou o departamento na nota à imprensa.