O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, determinou que a Polícia Civil informe se abriu sindicância para apurar como o depoimento sigiloso da testemunha secreta na Operação Omertà foi parar na casa do empresário Flávio Corrêa Jamil Georges, o Flavinho. As revelações bombásticas feitas pela cozinheira da família Name viraram uma das peças mais polêmicas das ações penais na Operação Omertà.
O empresário Jamil Name Filho, o Jamilzinho, condenado em três sentenças, pediu explicações sobre a conduta do Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Roubos, Assaltos a Bancos e Sequestros) no caso. Inicialmente, a mulher prestou depoimento em abril e desapareceu. Ela só acabou sendo ouvida em agosto de 2020, após comparecer espontaneamente na delegacia.
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“Ocorre, Excelência, que o tal ‘termo de declarações’ sem assinaturas foi apreendido na residência de um investigado, no dia 18 de junho de 2020 (supostamente dois meses após ter sido dado no GARRAS) O QUE É DEVERAS ESTRANHO, já que seria um depoimento oficial (ainda que não assinado) com timbre do órgão público, em extremo sigilo, sobre informações sensíveis e com consequências até então desconhecidas”, pontuou o advogado Luiz Gustavo Battaglin.
O juiz negou o pedido de desentranhamento do processo e prorrogação do prazo para a apresentação das alegações finais. O prazo continua correndo e os réus deverão apresentar no prazo determinado inicialmente pelo magistrado.
No entanto, o juiz acabou acatando pedido da defesa para a Polícia Civil explicar como ocorreu o vazamento do depoimento sigiloso e de uma testemunha até então secreta. “No entanto, considerando a forma como referido depoimento teria sido localizado (o rascunho do depoimento na residência de Flávio Jamil Georges em cumprimento de mandado de busca e apreensão), oficie-se à Corregedoria-Geral da Polícia Civil a fim de obter maiores informações sobre eventual instauração de processo administrativo para apuração das circunstâncias em que referido depoimento teria ocorrido, esclarecimento estes que deverão ser juntados aos autos no prazo de 10 (dez) dias, bem como cópia do procedimento caso tenha sido instaurado”, determinou Ferreira Filho.
Nesta ação penal por corrupção e organização criminosa, os réus são Marcelo Rios, Jamilzinho, Fahd Jamil, Flavinho, o delegado Márcio Shiro Obara e o policial civil Célio Monteiro.
Nesta sexta-feira, o juiz autorizou Fahd Jamil a se viajar para São Paulo para tratamento médico no Hospital Albert Einstein. Ele é monitorado por tornozeleira eletrônica.