Nota da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) reforçou a propagação de fake news contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao distorcer fala do petista na entrevista ao Jornal Nacional sobre o agronegócio, e sair em defesa de produtores fascistas. A Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da entidade publicou nota de repúdio contra o ex-presidente (confira a nota).
Professor do curso de Direito da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e candidato a senador pelo PT, Tiago Botelho lamentou o uso da Ordem para difundir inverdades. “Enquanto membro da OAB de MS, repudio a utilização da instituição para atacar presidenciáveis, seja ele/a de direita ou de esquerda, por meio de notas inverídicas, descontextualizadas e que prejudicam o pleito eleitoral”, afirmou.
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A polêmica começou com as críticas de Lula a segmentos do agronegócio, que destroem o meio ambiente e desmatam a floresta Amazônica. As críticas do petista aos fazendeiros que destroem acabou viralizando, mas de forma distorcida.
Ao ser questionado por Renata Vasconcelos, se estava chamando o agronegócio de fascista, Lula pondera que não e deixa, de forma clara, que há um segmento preocupado com o meio ambiente e em manter boas relações com outros países.
“O agronegócio fascista, sabe, que é fascista e direitista, porque os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que têm comércio com o exterior, que exportam para a Europa, para a China, esses não querem desmatar, esses querem preservar os nossos rios, querem preservar as nossas águas, querem preservar as nossas faunas. Esses não. Mas você tem um monte que quer”, afirmou Lula, aos 35 minutos da entrevista concedida à TV Globo.
A OAB/MS, que já se notabilizou por seriedade e como parâmetro nos grandes momentos da história brasileira, decidiu embarcar na onda de fake news e criticar o ex-presidente. “Aa Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS vem a público repudiar as falas do candidato à Presidência Lula em entrevista realizada no Jornal Nacional”, pontua a nota, assinada pelo vice-presidente, Felipe Baseggio.
“O candidato se referiu ao agronegócio como uma classe formada por ‘fascistas e direitistas’, usando expressões preconceituosas e que não refletem a realidade. É público e notório que o agronegócio brasileiro é responsável pela manutenção da segurança econômica do país e que tem uma importância vital para a balança comercial do país. Uma classe formada por pessoas dignas, que trabalham de forma honrada e que todos os dias ajudam a colocar comida na mesa dos brasileiros”, ressalta a nota.
“Por isso, a Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS repudia esses atos e se solidariza com a classe dos agricultores e pecuaristas de todo país, sobretudo, do Mato Grosso do Sul, onde essa atividade econômica representa grande parte das riquezas do estado”, destaca a nota.
A reação foi imediata. O Instagram já marcou as manifestações a respeito de que se tratam de publicações distorcidas da realidade.
“A nota é descontextualizada, pois Lula deixa claro que parcela do agronegócio não faz oposição ao meio ambiente sustentável, referindo-se aos empresários sérios do agronegócio que tem comércio com o exterior que exportam para Europa e China”, afirmou Botelho, em nota para rebater a entidade.
“A nota possui cunho político eleitoral, não retratando com a verdade e induzindo a população de MS ao erro”, lamentou o candidato a senador. “Enquanto membro da OAB de MS, repudio a utilização da instituição para atacar presidenciáveis, seja ele/a de direita ou de esquerda, por meio de notas inverídicas, descontextualizadas e que prejudicam o pleito eleitoral”, frisou.
“A OAB é administradora da Justiça e não pode se prestar a difundir inverdades”, criticou Tiago Botelho.
O curioso é que a Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS é presidida pelo juiz eleitoral Juliano Tannus, que compõe o plenário do Tribunal Regional Eleitoral. Ele não assina a nota, já que o juiz eleitoral não deveria ter preferência política para garantir a lisura do processo eleitoral.
Confira na integra a conversa entre Lula e Renata Vasconcelos sobre o agronegócio:
Renata: “Agora, antes da gente abordar um pouquinho mais sobre os sem-terra, é preciso fazer esse esclarecimento, porque, como o senhor colocou, parece que o setor do agronegócio, é, não tem a ver, é contrário, faz oposição ao meio ambiente, ao meio ambiente sustentável, que não é verdade.”
Lula: “Não faz não. Faz não. Você acabou de ver”
Renata: “Não deve fazer”
Lula: “Você…é…veja. O agronegócio fascista, sabe, que é fascista e direitista, porque os empresários sérios que trabalham no agronegócio, que têm comércio com o exterior, que exportam para a Europa, para a China, esses não querem desmatar, esses querem preservar os nossos rios, querem preservar as nossas águas, querem preservar as nossas faunas. Esses não. Mas você tem um monte que quer”
Veja a nota da OAB/MS
“Nota de repúdio da Comissão de Agronegócio da OAB/MS
A Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS vem a público repudiar as falas do candidato à Presidência Lula em entrevista realizada no Jornal Nacional.
O candidato se referiu ao agronegócio como uma classe formada por “fascistas e direitistas”, usando expressões preconceituosas e que não refletem a realidade.
É público e notório que o agronegócio brasileiro é responsável pela manutenção da segurança econômica do país e que tem uma importância vital para a balança comercial do país. Uma classe formada por pessoas dignas, que trabalham de forma honrada e que todos os dias ajudam a colocar comida na mesa dos brasileiros.
Por isso, a Comissão de Assuntos Agrários e Agronegócio da OAB/MS repudia esses atos e se solidariza com a classe dos agricultores e pecuaristas de todo país, sobretudo, do Mato Grosso do Sul, onde essa atividade econômica representa grande parte das riquezas do estado.
O Brasil tem seu crescimento econômico como reflexo do trabalho digno desta classe. Portanto, fica registrado o repúdio da Comissão de Agronegócio da OAB/MS.
Vice-Presidente Felipe Baseggio
Secretária-Geral Sâmara Almeida Recaldes
Secretário-Adjunto Fernando Martinez Ludivg”
Veja a íntegra da nota do candidato a senador Tiago Botelho:
“NOTA DE REPÚDIO
Eu, Tiago Botelho, advogado, coordenador licenciado do curso de Direito da UFGD, membro da OAB de MS, candidato ao senado pelo PT, venho à público, contrapor a nota da comissão de assuntos agrários e agronegócio da OAB – MS, a respeito da fala do Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, no Jornal Nacional, no dia 25/08/2022, alegando que ele teria chamado todo o setor do agronegócio de fascista e direitista.
A nota é descontextualizada, pois Lula deixa claro que parcela do agronegócio não faz oposição ao meio ambiente sustentável, referindo-se aos empresários sérios do agronegócio que tem comércio com o exterior que exportam para Europa e China.
A nota possui cunho político eleitoral, não retratando com a verdade e induzindo a população de MS ao erro.
A própria rede social, Instagram, a respeito do conteúdo inverídico, afirma que o: “Post distorce fala de Lula ao JN, sobre setor fascista do Agronegócio”.
Enquanto membro da OAB de MS, repudio a utilização da instituição para atacar presidenciáveis, seja ele/a de direita ou de esquerda, por meio de notas inverídicas, descontextualizadas e que prejudicam o pleito eleitoral.
A OAB é administradora da Justiça e não pode se prestar a difundir inverdades.
Naviraí – MS, 27 de outubro de 2022.
Tiago Resende Botelho
14236 OAB – MS”