No artigo “Piso da enfermagem: o milagre em tempos de pandemia neoliberal”, o economista e ensaísta Albertino Ribeiro aponta como positivo a criação de piso salarial para os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. “Um piso que não é um céu, mas eleva nossos heróis a estatura que eles merecem”, frisa.
[adrotate group=”3″]
“Nesse momento, minha memória trouxe algo muito importante, uma luta por reconhecimento que estava latente há mais de 15 anos, mas agora se tornou notório por causa da pandemia e da pressão que a categoria da enfermagem exerceu sobre o Congresso Nacional”, pontua.
Veja mais:
Aumento da taxa de juros vai piorar cenário de estagflação no Brasil, alerta economista
Mãe é a heroína que dribla o dragão da inflação para garantir o sustento da família
O faturamento recorde da Agrishow e a falta de fabricantes nacionais de máquinas agrícolas
Ribeiro não esconde o espanto dos trabalhadores terem conseguido aprovar o piso no Congresso Nacional dominado por deputados federais e senadores mais alinhados com a política neoliberal.
“Interessante é que a aprovação foi por maioria absoluta, em uma Câmara dia Deputados mais liberal, quando o assunto é economia. Para os amigos enfermeiros, que não tem tempo de se aprofundar no estudo das doenças da economia, digo que aconteceu um verdadeiro milagre”, ressalta.
Confira o artigo na íntegra:
“Piso da enfermagem: o milagre em tempos de pandemia neoliberal
Albertino Ribeiro
Hoje, escrevo de um dos melhores hospitais de Mato Grosso do Sul. Estou internado com pneumonia. O sistema imunológico, por razões múltiplas – talvez o stress – falhou.
Desde sexta-feira, tenho conhecido grandes profissionais da saúde: médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem e os auxiliares de enfermagem. Descobri por intermédio de um deles, que na sexta-feira, dia 20 de maio, era dia do técnico de enfermagem. Nesse momento, minha memória trouxe algo muito importante, uma luta por reconhecimento que estava latente há mais de 15 anos, mas agora se tornou notório por causa da pandemia e da pressão que a categoria da enfermagem exerceu sobre o Congresso Nacional.
Refiro-me, obviamente, ao piso salarial da enfermagem, direito que vinham sendo protelado e deixado de lado, não somente pelos políticos, mas também pelo patronato em geral, não disposto a abrir mão de parte do seu quinhão no conflito distributivo que nos impõem o sistema vigente.
Interessante é que a aprovação foi por maioria absoluta, em uma Câmara dia Deputados mais liberal, quando o assunto é economia. Para os amigos enfermeiros, que não tem tempo de se aprofundar no estudo das doenças da economia, digo que aconteceu um verdadeiro milagre.
Desse Congresso deveria se esperar rejeição a priori da proposta, pois a variante do vírus neoliberal brasileiro, escapa a todas as vacinas do bom senso. Destarte, qualquer coisa que tenha conotação de tabelamento de preços, fixação de piso salarial ou qualquer intervenção do Estado na economia, é percebido como corpo estranho, passível de ser repelido.
Mas quando se trata de anjos, como todos os profissionais da saúde são, milagres acontecem. Sendo assim, o valor inicial dos salários desses egrégios profissionais foi aprovado dessa forma:
- Enfermeiros: R$ 4.750,00;
- Técnicos de enfermagem: R$ 3.325,00;
- Auxiliares de Enfermagem: R$ 2.375,00.
Dignidade? Sim! Um piso que não é um céu, mas eleva nossos heróis a estatura que eles merecem”.