No artigo “Sublime é pensar sem ignorar”, o filósofo e jornalista Mário Pinheiro aborda a opção do eleitor brasileiro, sem citar nomes, sobre o futuro do País diante da escalada dos preços. “Para Epiteto, a infelicidade e desgraça dos homens, vem da escolha mal feita”, alerta, para em seguida, deixar claro as contradições de parte da população.
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“A frase parece para os brasileiros que optaram por gritar como cadelas que o preço da gasolina a R$ 2,50 estava demais e agora, o que denomina ignorância, é que o valor deste derivado de petróleo ultrapassa R$ 8 em vários Estados, e ainda defendem aquele que assola a população pobre”, afirma.
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“O ignorante vai sempre fugir do debate, combater a verdade de outra forma e acusar o filósofo, mas o ser sublime vai permanecer na ética, na evidência do realismo. Para Heráclito, é a política da solidariedade que torna o homem completo, feliz”, pontua, citando Heráclito.
“Epiteto apela para a inteligência, mas se mudássemos de temática, diríamos que há pessoas que adoram o masoquismo ou viraram vítimas do complexo de Estocolmo, isto é, daqueles que se comportam como reféns da brutalidade, mas aplaudem o agressor”, observa.
Confira o artigo na íntegra:
“Sublime é pensar sem ignorar
Mário Pinheiro, de Paris
Heráclito dizia que o “logos”, a palavra, está nos olhos de quem entende. O ignorante vai sempre fugir do debate, combater a verdade de outra forma e acusar o filósofo, mas o ser sublime vai permanecer na ética, na evidência do realismo. Para Heráclito, é a política da solidariedade que torna o homem completo, feliz.
Mas, Epiteto, filósofo da escola estoica, fala da real grandeza do homem. Segundo ele, erro e prejuízo decorrem quando falta visão sobre a tragédia. Na pessoa de Epiteto, os estoicos são reconfortados numa ética rigorosa da virtude como condição necessária e suficiente para a felicidade.
Para Epiteto, a infelicidade e desgraça dos homens, vem da escolha mal feita. A frase parece para os brasileiros que optaram por gritar como cadelas que o preço da gasolina a R$ 2,50 estava demais e agora, o que denomina ignorância, é que o valor deste derivado de petróleo ultrapassa R$ 8 em vários Estados, e ainda defendem aquele que assola a população pobre.
Epiteto apela para a inteligência, mas se mudássemos de temática, diríamos que há pessoas que adoram o masoquismo ou viraram vítimas do complexo de Estocolmo, isto é, daqueles que se comportam como reféns da brutalidade, mas aplaudem o agressor.
Os últimos anos governados pela extrema direita, sem ideias nem ideais, trouxeram a tragédia. O que mais pesa em um ser em evolução é sua capacidade de progredir ou optar pela ignorância. Certos eleitores desejam o continuísmo da desgraça, outros vão desatar as algemas da caverna platônica e optar pela razão, pela decência da mulher candidata em Mato Grosso do Sul. É preciso coragem de mudar e não ficar na mesmice de uma família que domina a política como se fosse patriarcado, oligarquia do atraso.
O ignorante se faz de cego, mas é vítima do sistema, se faz de crente, mas é usado pelo pastor que carrega arma na maleta ao invés da bíblia, e pior, a pistola dispara, revela que o mal político é também mal por falta de caráter. A ignorância é um mal, como dizia Brecht, porque o sujeito retruca, xinga, faz baixar a pomba-gira, mas não sabe que paga imposto do tomate, do óleo, do arroz, da picanha, do gás, do combustível, aliás, produtos que ficaram distante dos brasileiros porque o atual governo não governa para pobres, mas para a elite. É, segundo Brecht, o analfabeto político, o ignorante.
As lições dos estoicos não agem na consciência dos ignorantes porque eles se acham sábios demais. Mesmo Marco Aurélio, imperador e escritor romano, optou pela coerência da filosofia estoica para governar com justiça. Diga-se de passagem, Marco Aurélio teve educação, amava os livros e o ensino, não era ignorante”.