O veador Tiago Henrique Vargas (PSD) reafirmou, durante o interrogatório na 3ª Vara Criminal, que chamou o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de “bandido”, “corrupto” e “canalha”. Por outro lado, o parlamentar reforçou a defesa com a contratação do advogado Fábio Castro Leandro, ex-procurador-geral do Município e filho do ex-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Paschoal de Carmello Leandro.
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A audiência de instrução e julgamento ocorreu na última sexta-feira e não contou com a presença de Reinaldo, que pediu para ser dispensado de acompanhar o interrogatório. Não é a primeira vez que o tucano foge de ficar frente a frente com o neófito na política, um dos pouquíssimos a manter as críticas contundentes contra o atual ocupante da Governadoria.
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O processo por injúria e difamação está tendo tramitação a jato, um fato raro na Justiça estadual. Reinaldo ingressou com a ação penal no dia 14 de julho do ano passado. Em oito meses, o processo já está na fase das alegações finais. Acusação e defesa terão cinco dias para apresentar os memoriais. Neste ritmo, a magistrada deverá publicar a sentença antes do caso completar um ano.
Como o caso envolve a mais alta autoridade sul-mato-grossense e o vereador acostumado a compartilhar todos os seus momentos nas redes sociais, a juíza Eucelia Moreira Cassal proibiu a divulgação do interrogatório em qualquer mídia ou grupos de aplicativos.
A audiência só contou com o interrogatório de Vargas. Ao ser questionado sobre o vídeo gravado no dia 2 de julho do ano passado, no qual usa uma blitz no trânsito para criticar Reinaldo, ele reafirmou o teor das gravações compartilhadas nas redes sociais.
Tiago acusou o governador de “corrupto” após Reinaldo ser denunciado no Superior Tribunal de Justiça no dia 15 de outubro de 2020 pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. De acordo com a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, a JBS pagou R$ 67,791 milhões em propinas ao tucano em troca de incentivos fiscais concedidos pelo Estado, que não foram cumpridos e causaram prejuízo de R$ 209 milhões.
O governador sentiu-se ofendido pelas acusações e pediu a remoção do vídeo do Facebook e do Instagram. O desembargador Sérgio Martins determinou a retirada das gravações das redes sociais.
A defesa de Tiago Vargas alegou o direito à livre manifestação, uma das cláusulas pétreas da Constituição Federal. Ele também alegou ter imunidade parlamentar para fiscalizar e criticar os governantes. Reinaldo alegou que a imunidade como vereador deveria ficar restrita ao município de Campo Grande e não poderia lhe atingir, por ser uma autoridade estadual.
Outro ponto a ser decidido será se o parlamentar ultrapassou os limites da livre manifestação ao proferir acusações contra o governador.
Com a mudança de advogados, o vereador sinaliza que passa a contar com um advogado experiente na Justiça estadual. No entanto, ele afirmou que já trabalhou com Fábio Leandro. Ele já teria trabalhado na defesa quando ele teve problemas com o Governo quando era agente da Polícia Civil.
Crítico de corruptos e das artimanhas dos políticos, Vargas foi alvo de dez procedimentos administrativos na Polícia Civil e acabou sendo demitido em julho de 2020 após o então vereador, Lívio Leite, o Dr. Lívio (PSDB), registrar boletim de ocorrência por ameaça e agressão durante uma avaliação psiquiátrica da Ageprev. Tiago recorreu contra a demissão e aguarda decisão da Justiça.