A guerra entre a Rússia e Ucrânia deve adiar a retomada das obras da mega fábrica de fertilizantes em Três Lagoas, que contaria com aporte de R$ 9 bilhões do grupo russo Acron. As sanções econômicas impostas ao país de Vladimir Putin podem impedir a chegada do grupo Acron, que comprou a unidade e havia retomado a esperança de tirar o empreendimento do papel.
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Lançada para suprir a carência do Brasil de fertilizantes, já que o País importa 85% do produto, a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras deveria ter investimento de R$ 4 bilhões. A previsão é produzir 3.600 toneladas por dia de ureia e 2.200 toneladas por dia de amônia.
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A Operação Lava Jato levou à suspensão da obra ao atingir a construtora brasileira Queiroz Galvão, que construía a fábrica em parceria com a chinesa Sinopec. Iniciada e paralisada no final de 2014, na gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), a fábrica estava com 83% das obras concluídas.
A Petrobras decidiu se desfazer de ativos na gestão de Michel Temer (MDB) e descartou retomar a construção da UFN3. O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu manter o projeto de venda da fábrica. O primeiro interessado foi o grupo russo Acron. Após sete anos, a empresa da Rússia confirmou a compra da unidade.
A Petrobras confirmou no início do mês, em comunicado ao mercado, a venda para o Acron. O grupo russo deve investir R$ 8 bilhões na aquisição e gerar 2 mil empregos na conclusão da fábrica treslagoense.
Durante a reunião com Putin, Bolsonaro incluiu a mega fábrica de Três Lagoas entre as prioridades entre os dois países. Neste domingo, o presidente brasileiro relembrou o encontro e frisou que os russos vão manter o investimento, apesar da guerra.
No entanto, as sanções econômicas impostas pelos países ocidentais, como a retirada da Rússia do sistema bancário mundial, deve, no mínimo, atrasar a retomada da obra em Três Lagoas.
Em entrevista ao JD1, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, admitiu que a guerra compromete a retomada da obra em Mato Grosso do Sul.
“Eu entendo que existe sim um uma preocupação, as negociações continuam e avaliam no retardamento desse processo de consolidação da contratualização e acredito que a questão das sanções econômicas que estão sendo apresentadas, criam uma situação preocupante em relação ao desfecho da UNF3 agravando ainda mais a situação de fertilizantes no Brasil”, alertou o secretário.
A guerra também vai trazer problemas para o agronegócio brasileiro, já que a Rússia é reponsável por um quinto das importações brasileiras de fertilizantes. O Brasil importa 22% das 41,6 milhões de toneladas de fertilizantes da ex-república da União Soviética.
“É importante destacar que na guerra só existem perdedores, podem ser que hajam perdedores maiores e menores, mas só teremos perdedores, não há ganhadores em guerra. Então esse cenário é muito ruim pro agro brasileiro, em termos de fertilizantes. É ruim pela desorganização das cadeias mundiais de logística, pois nós estávamos acabando de sair da covid e ainda fazendo uma reestruturação dessa cadeia logística de fornecimento e fluxo de produtos, e agora novamente a guerra agrava esse problema que se trata exatamente do registro de cadeias mundiais, fechamento de portes, aumento do custo de fretes, falta de produtos em alguns lugares, sobra de produtos em outros e instabilidade cambial e esses fatos acabam gerando um problema grave”, avaliou Verruck.
A previsão é que os alimentos fiquem mais caros, ainda, e mantenham a inflação acima da meta definida pelo Banco Central.