A noite de Campo Grande se transformou em verdadeiro faroeste nesta quarta-feira com brigas de trânsito sendo resolvidas a bala. Na história mais chocante, o delegado-geral da Polícia Civil, Adriano Geraldo Garcia, perseguiu e atirou três vezes após ser fechado por uma artesã de 24 anos. Armado e em viatura descaracterizada, o delegado balança no cargo a se envolver na 2ª confusão em três meses.
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Em outro episódio lamentável, dois homens foram presos após dispararem 11 tiros contra um caminhoneiro porque forçou para sair do estacionamento na Avenida Afonso Pena, no Jardim dos Estados, uma das áreas mais nobres de Campo Grande.
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Felizmente, nenhum dos episódios repetiu as tragédias registradas em brigas de trânsito na Capital. No dia 31 de dezembro de 2016, o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon matou com três tiros o empresário Adrian Corrêa do Nascimento, aos 33 anos, após uma fechada e discussão no trânsito no Centro de Campo Grande.
No dia 18 de novembro de 2009, na Avenida Mato Grosso, no Centro, o jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves efetuou disparos após uma briga de trânsito e matou Rogério Pedra Neto, 2 anos, e baleou o avô do garoto.
O episódio envolvendo Adriano Garcia ocorreu no início da noite de ontem. Conforme a versão da Polícia Civil, o delegado-geral seguia pela Avenida Mato Grosso no Chevrolet Cruze sem qualquer identificação de que era viatura policial, quando foi fechado pelo veículo Renault Kwid, conduzido por uma mulher de 24 anos. Ele teria dado ordem de parada e ela mostrou o dedo e saiu em disparada, conforme a versão oficial.
Garcia teria acionado sinais sonoros e luminosos e iniciado uma perseguição. A jovem teria cometido, conforme a polícia, várias irregularidades durante a perseguição e só parou após ser fechada pelo carro do delegado. Armado, ele mandou a conduta descer do veículo. Após ela engatar a ré e achar que ia ser atropelado, o chefe da Polícia Civil efetuou dois disparos contra o carro. Ainda teria efetuado um terceiro tiro para impedir a “fuga” da motorista.
A artesã deu a versão na manhã desta quinta-feira em entrevista ao Midiamax e ao Campo Grande News. “Simplesmente mostrei o dedo para ele porque meu carro afogou e ele buzinou. Eu não tenho bola de cristal para saber que ele é delegado”, contou a mulher.
“Eu saí de perto, como qualquer mulher faria quando vê um homem agressivo vindo pra cima. Ele acionou uma sirene, mas eu vi que não tinha identificação nenhuma no carro. Achei até que era uma ambulância por perto. Estava preocupada em escapar de um cara que me xingou no trânsito e não gostou porque respondi”, relatou.
“Eu até achei que era uma ambulância e do nada ele para na minha frente e começa a apontar uma arma para mim, ele não se identificou e começou a atirar”, contou a artesã. De acordo com o Campo Grande News, o carro da artesã possui uma câmera do tipo “GoPro”. “Grava tudo, coloquei justamente para questões de trânsito. Na hora, eu realmente coloquei na boca, porque precisava guardar as minhas imagens, mas os policiais disseram que me dariam laxante, e eu entreguei”, revela.
“Em momento algum passei o sinal vermelho”, garantiu, rebatendo a versão do delegado. O secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, convocou Adriano para dar explicações nesta quinta-feira.
Em novembro do ano passado, Garcia foi acusado de tentar intervir em investigação sigilosa da Força-Tarefa da Omertà, que apura a atuação de um grupo de extermínio chefiado por Jamil Name. Conforme discussão gravada, ele tentava descobrir como estava o inquérito envolvendo o jogo do bicho.
Coincidentemente, o delegado-geral da Polícia Civil não foi o único que tentou resolver uma briga no trânsito a bala. O empresário Elias da Silva Maldonado, 34 anos, e Gabriel Vanzampeiri de Mattos Bezerra, 26, foram presos após terem efetuado 11 tiros contra o motorista de um caminhão, que forçou para pegar a Avenida Afonso Pena após descarregar gelo em uma boate.
O incidente ocorreu por volta de 1h da madrugada de hoje.