O ex-governador André Puccinelli (MDB), o presidente da Câmara de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), quatro vereadores, dois secretários-adjuntos da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), vão a julgamento de 22 a 25 de março deste ano pelos crimes de corrupção passiva e ativa e organização criminosa. No total, a fase criminal da Operação Coffee Break conta com 17 réus.
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Conforme despacho do juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal, publicado nesta segunda-feira (31) no Diário Oficial da Justiça, a audiência de instrução e julgamento foi marcada seis anos após a denúncia ser protocolada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O grupo é acusado de articular a cassação do mandato do prefeito Alcides Bernal (Progressistas) movidos por interesses pessoais e pagamento de propina.
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Quatro réus firmaram acordo e se livraram da denúncia no dia 21 de maio do ano passado: o senador Nelsinho Trad (PSD), o dono do jornal Midiamax, Carlos Eduardo Naegele, e os autores do pedido de impeachment de Bernal, o pecuarista Raimundo Nonato de Carvalho e o advogado Luiz Pedro Guimarães. O ex-deputado Paulo Siufi (MDB) foi inocentado pelo Tribunal de Justiça.
O escândalo é um dos mais emblemáticos na história de Campo Grande, porque, segundo o Gaeco, mostra como poderosos empresários, como João Amorim, dono da Proteco, e João Roberto Baird, das empresas de tecnologia, e políticos influentes, como Puccinelli, teriam se articulado para tirar quem contrariava seus interesses do comando do município.
As acusações contra os réus foram corroboradas por interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal, onde o termo propina era substituído por “cafezinho”. Mesmo não sendo dono oficial da Solurb, Amorim se revoltou porque Bernal atrasou o repasse e acabou cancelando o contrato com a concessionária do lixo.
Como o processo tramita em sigilo, não há detalhes sobre o dia em que as testemunhas e os réus serão ouvidos. No entanto, o caso é rumoroso e vai mobilizar os principais políticos do Estado a seis meses das eleições. Puccinelli planeja disputa o terceiro mandato de governador nas eleições deste ano.
Além de Puccinelli e Carlão, devem sentar no banco dos réus mais quatro vereadores: o ex-presidente da Câmara, João Rocha (PSDB), Gilmar da Cruz (Republicanos), o ex-secretário municipal de Saúde, Jamal Mohamed Salem (MDB), e Otávio Trad (PSD). Também vão ser julgados dois secretários adjuntos da gestão tucana, Eduardo Romero (Cidadania e Cultura), e Flávio César Mendes de Oliveira (Governo).
Preso desde maio do ano passado, o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (sem partido), vai deixar o presídio pelos quatro dias para acompanhar o julgamento por videoconferência.
Mais cinco ex-vereadores vão voltar aos holofotes ao sentar no banco dos réus para responder pelos crimes de corrupção na Coffee Break: o ex-presidente da Câmara, Mário César de Oliveira (MDB), Edson Shimabukuro (PTB), José Airton Saraiva (DEM) e Waldecy Batista Nunes, o Chocolate (PTB).
O procurador-jurídico da Câmara e conhecido como vereador sem voto, André Luiz Scaff, e os poderosos empresários João Amorim e RJoão Roberto Baird completam o rol de réus na área criminal da Coffee Break.
O grupo pode ser sentenciado na esfera cível. O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, concluiu o julgamento no ano passado e prevê publicar a sentença dos réus no segundo semestre deste ano.
A Coffee Break marcou um dos períodos mais turbulentos da história da Capital. Além da instabilidade administrativa, a articulação para cassar Bernal levou ao desequilíbrio econômico-financeiro do município, que passou a atrasar salários dos servidores e atrasar pagamento de fornecedores.
No entanto, o escândalo não afetou a popularidade dos réus junto ao eleitorado. Carlão não só foi reeleito em 2020, como conseguiu ser eleito por unanimidade presidente da Câmara Municipal. Em julho do ano passado, mesmo com a suposta renovação de 19 vereadores, o legislativo o reconduziu para mais um mandato na presidência por mais dois anos com uma antecedência de um ano e meio.
Puccinelli lidera as pesquisas para a sucessão estadual deste ano. E alguns ex-vereadores só não foram reeleitos porque não disputaram a eleição.
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