No artigo “O desafio de conciliar câmbio, inflação e juros”, o economista e ensaísta Albertino Ribeiro alerta para o risco de mais arrocho e agravamento da crise econômica brasileira com a política de aumento de juros para controlar o aumento no custo de vida. Além disso, o dólar deve subir mais com a política de alta dos juros nos Estados Unidos.
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“O FED (banco central americano) deixou claro, na última quinta-feira (27), que aumentará a taxa básica de juros a partir de março – uma tentativa de controlar a inflação americana que é a maior em quase 40 anos. A taxa acumulada ficou em 2021 foi de 7%”, relata.
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“A notícia também não é boa para o Brasil, pois os títulos americanos – que são remunerados por esta mesma taxa básica – ficarão, ainda, mais atrativos por serem os mais seguros do mundo. Este movimento, certamente, provocará fuga de dólares em nossa economia”, alerta, destacando que haverá pressão no câmbio. A disparada do dólar pode pressionar a inflação e aumentar os combustíveis, caso o governo de Jair Bolsonaro (PL) mantenha a política de preços da Petrobras.
“Como já estamos acostumados a ver, esse cenário terá impacto na taxa de câmbio, que pressionará à inflação cuja meta estabelecida pelo Banco Central é ainda menor do que a estabelecida no ano anterior, que foi de 3,75%”, frisa. Apesar da meta, a inflação em 2021 fechou acima de 10% no Brasil.
Confira o artigo na íntegra:
“O desafio de conciliar câmbio, inflação e juros
Albertino Ribeiro
O FED (banco central americano) deixou claro, na última quinta-feira (27), que aumentará a taxa básica de juros a partir de março – uma tentativa de controlar a inflação americana que é a maior em quase 40 anos. A taxa acumulada ficou em 2021 foi de 7%.
A notícia também não é boa para o Brasil, pois os títulos americanos – que são remunerados por esta mesma taxa básica – ficarão, ainda, mais atrativos por serem os mais seguros do mundo. Este movimento, certamente, provocará fuga de dólares em nossa economia. A moeda americana terá como destino, líquido e certo, a terra do tio Sam.
Como já estamos acostumados a ver, esse cenário terá impacto na taxa de câmbio, que pressionará à inflação cuja meta estabelecida pelo Banco Central é ainda menor do que a estabelecida no ano anterior, que foi de 3,75%.
Para este ano, a meta, ousada, será de 3,5% a.a.. O Banco Central brasileiro terá que ser muito eficiente para encontrar a equação certa, envolvendo as variáveis câmbio, inflação e juros.
Contudo, se insistir com o mesmo remédio, que, inclusive, é o mais cômodo, as consequências serão as piores possíveis para a economia brasileira. Se a política de aumento dos juros continuar, a dívida pública entrará numa trajetória explosiva, pois a cada um ponto percentual de aumento na taxa Selic, a dívida brasileira aumenta em R$ 50 bilhões.
Segundo o professor Paulo Gala – novo economista chefe do banco Master de Investimento – ‘a elevação da taxa básica de juros para 12% ao ano, vai onerar as contas públicas em R$500 bilhões’. Dessa forma, não há orçamento público que permaneça em pé, quando o dinheiro da sociedade é vertido para o ralo, num montante tão grande como esse.
Ademais, a economia – que já está com pouco ‘oxigênio’ – poderá ficar asfixiada com a interrupção ainda maior dos investimentos, provocada pelo arrocho do crédito. ‘No Brasil, tentar viver sem pagar impostos, juros para bancos e salários absurdos para políticos é a mesma coisa que tentar viver sem oxigênio’. – Osmirnoff”.
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