A Operação La Catedral, deflagrada nesta quinta-feira (6) pelo DRACCO (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), prendeu cinco policiais penais acusados de cometer 19 crimes, que vão de organização criminosa, corrupção passiva, concussão a venda de regalias no Presídio Ricardão Brandão, em Ponta Porã. Eles cobravam propina para garantir a diversão dos presos com carne in natura e bebidas alcoólicas.
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A investigação começou em meados do ano passado quando a Agepen (Agência Estadual de Gestão do Sistema Penitenciário) descobriu estoque de cerveja e uísque dentro das celas do estabelecimento prisional na fronteira. A investigação não só confirmou, como encontrou até celas com móveis planejados e banheiros totalmente reformados para garantir o privilégio aos criminosos.
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Com o apoio de policiais da 1ª e 2ª Delegacia da Polícia Civil em Ponta Porã, o DRACCO prendeu cinco policiais penais e cumpriu cinco mandados de busca e apreensão. A prisão é temporária. Os funcionários públicos foram transferidos para o Centro de Triagem Anísio Lima, em Campo Grande.
Eles são investigados por integrar uma organização criminosa para atuar dentro do Presídio Ricardo Brandão, em Ponta Porã. A Corregedoria-Geral da Agepen está ajudando na investigação, que resultou na apreensão de bebida e dinheiro dentro do presídio.
“A apuração é presidida em torno de, ao menos, 19 (dezenove) crimes, dentre eles, organização criminosa, concussão, corrupção passiva e corrupção ativa, entradas irregulares de celulares intramuros, tráfico de drogas, bem como, diversas outras irregularidades”, pontuou a delegada Ana Cláudia Medina, titular do DRACCO.
Os policiais penais teriam recebido propina para troca de celas, setores e pavilhões, regalias e até venda de remição da pena. Ou seja, em troca de pagamento aos agentes, o preso passou a ter benefício previsto em lei, como redução na pena em caso de trabalho, estudo ou leitura de livros.
O presídio se transformou em boteco com o apoio dos policiais penais, que teriam deixado entrar grande quantidade de bebida, como cerveja de diversas marcas, vinho, cachaça e uísque.
Os presos também poderiam negociar carne in natura e drogas no interior da unidade prisional. O telefone celular também era comum nas celas e usado como moeda de troca entre os internos.
Mediante o pagamento de vantagens indevidas aos policiais penais, os presos tinham direito a celas especiais com móveis planejados, chuveiro elétrico e alimentação diferenciada, sem ser barrada pela revista, de acordo com a polícia.
“O nome da Operação LA CATEDRAL faz referência a Penitenciária “construída” na Colômbia pelo narcotraficante internacional Pablo Escobar que era cheia de luxos e mordomias”, explicou a delegada.
A Agepen informou que afastou os acusados das funções e vem ajudando na investigação. “Com o trabalho conjunto entre a Corregedoria e o DRACCO, foi possível chegar aos elementos de informação de materialidade e autoria suficientes à deflagração da operação”, informou.
“A agência penitenciária já havia adotado medidas administrativas cabíveis, com afastamento dos envolvidos do trabalho na unidade penal, desde a identificação das condutas irregulares”, frisou.
“A Agepen destaca que tem atuado firmemente, por meio de sua Corregedoria-Geral, com o objetivo de promover medidas preventivas e de ordem disciplinar, a fim de combater condutas infracionais por seus servidores, fomentando o trabalho íntegro e idôneo, com transparência, ética e imparcialidade”, concluiu.
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