Ex-ministro da Secretaria de Governo e um dos principais articuladores do ex-presidente Michel Temer (MDB), Carlos Marun admitiu que votará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caso nenhum candidato da terceira via chegue ao segundo turno em 2022. A declaração foi feita em grupo de WhatsApp e revelada nesta quarta-feira (29) pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.
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Marun foi reconduzido por Jair Bolsonaro (PL) por mais quatro anos para o cargo de conselheiro da Itaipu Binacional, que lhe garantia salário de, no mínimo, R$ 27 mil para participar de uma reunião a cada dois meses. Ele acabou deixando o cargo neste ano após o general Joaquim Silva e Luna deixar a Itaipu para assumir a Petrobras. Além disso, o presidente encampou o projeto do ex-ministro de construir a ponte sobre o rio Paraguai em Porto Murtinho, um projeto de quase meio bilhão de reais.
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Famoso por ser fiel escudeiro de Temer e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), o ex-ministro considerou o voto no candidato menos pior no caso de se confirmar o confronto entre Bolsonaro e o petista em eventual 2º turno. A candidata do MDB a presidente é a senadora Simone Tebet, de Mato Grosso do Sul.
“Vamos tentar uma terceira via. Se não estivermos no segundo turno, apoiaremos o menos pior. Que pode ser o Lula…”, teria dito Marun, conforme o jorna paulista. Entre os participantes do grupo está o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que se transformou em outro inimigo do capitão.
A declaração ocorreu durante uma discussão acalorada sobre a possibilidade de Lula escolher como candidato a vice-presidente o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que era do PSDB. “A movimentação de Lula buscando Alckmin é algo politicamente inteligente”, elogiou Marun. “Como é a antítese da inteligência pregar que quem apoiou Bolsonaro não pode ter outra posição. É uma questão matemática. Se todos repetirem o voto do 2º turno (de 2018), Bolsonaro vencerá novamente”, previu o emedebista.
O ex-ministro admitiu que optou por Bolsonaro no confronto com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). “Muita gente entendeu que naquele momento Bolsonaro era menos pior que o PT. Por isso o centro votou (e) deu a vitória a ele. Entre estes, eu”, confessou Marun.
Ao contrário da senadora Simone, que não esperava se decepcionar com Bolsonaro, que agora classifica como “pior presidente da história do Brasil”, Marun admitiu que reconhecia os riscos. “Falo por mim. Eu sabia dos riscos de ser um Governo chulo… me surpreendeu com alguns excessos. Eu confesso que, apesar de conhecer os arroubos de Bolsonaro, não imaginava que fossemos chegar tão perto de uma ruptura institucional”, criticou.
As revelações do ex-ministro surpreendem porque ele foi beneficiado pelo atual Governo. Nomeado para completar o mandato na Itaipu, onde tinha o emprego dos sonhos, ele acabou sendo reconduzido por Bolsonaro em maio de 2020 para ficar quatro anos no cargo de conselheiro. Na época, o presidente ignorou o protesto dos seguidores para manter Marun no cargo.
Além disso, Bolsonaro manteve o projeto idealizado por Marun de construir a ponte em Porto Murtinho e concluir a interligação da rota bioceânica. O ex-ministro inclusive chegou a ir a fronteira com o Paraguai para participar da solenidade com Bolsonaro no dia 13 deste mês. No entanto, devido ao mau tempo, o presidente acabou cancelando a participação no evento.
Bolsonaro deverá retornar ao Estado em janeiro para lançar a obra junto com o presidente do Paraguai, Mário Abdo, do Partido Colorado. O presidente vai convidar Marun para participar da solenidade?