Sentença do juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, condenou 15 integrantes da organização criminosa conhecida como Máfia da Fronteira, que atuava no tráfico internacional de drogas e dava suporte ao PCC (Primeiro Comando da Capital). O subtenente da Polícia Militar, Silvio César Molina Azevedo, apontado como chefe da quadrilha, foi condenado a 61 anos, 11 meses e 21 dias. Ele deve continuar preso no Presídio Federal.
[adrotate group=”3″]
Ao longo das 478 páginas da sentença disponibilizada ontem (16) e publicada nesta sexta-feira, o magistrado esmiúça em detalhes a forma de atuação dos integrantes da organização criminosa, as provas e os flagrantes feitos pela polícia ao longo da investigação. A quadrilha marcada pela ostentação em Mundo Novo, com carros de luxo, barcos, helicópteros e festas em Mundo Novo, na divisa com o Paraguai, foi desmontada na Operação Laços de Família, deflagrada pela Polícia Federal no dia 25 de junho de 2018.
Veja mais:
Com salário de R$ 12 mil, piloto da “Máfia da Fronteira” construiu patrimônio de R$ 19,5 milhões
Operação da PF apreendeu 27 toneladas de maconha de quadrilha chefiada por família de PM
Juiz mantém prisão de músico que reside na Itália por vender carros para máfia da fronteira
Máfia tinha 10 empresas, 50 laranjas e um policial militar para apoiar o PCC
Máfia da fronteira: mãe e filha de PM cobravam traficantes e até planejavam execuções
As maiores punições foram impostas aos acusados de desempenhar a função de chefia. Douglas Alves Rocha, o Bodinho, apontado como braço direito do militar e do filho, Jefferson Molina (assassinado e apontado como um dos chefes), foi condenado a 32 anos e 14 dias de reclusão em regime fechado. Ele também é genro de Molina.
Teixeira condenou a maiores penas os gerentes da organização criminosa, que tinham a tarefa de selecionar os motoristas e coordenar as atividades: Maicon Henrique Rocha do Nascimento foi sentenciado a 20 anos, 11 meses e 25 dias; Jair Rockembach, o Chicão, a 31 anos e nove meses; Bonyeques Piovezan a 20 anos, 11 meses e 25 dias; e Cláudio César de Morais a 21 anos, um mês e 22 dias.
Marcos Teixeira foi condenado a 28 anos e oito meses. Ele foi flagrado auxiliando os motoristas presos com toneladas de maconhas em várias apreensões. O irmão de Bodinho, Jefferson Alves Rocha, o Bodão, acusado de usar o lava jato para lavar dinheiro do tráfico de drogas, foi condenado a quatro anos e oito meses no regime aberto.
“A denúncia (…) descreve a existência de uma associação criminosa voltada ao tráfico transnacional (maconha é a substância negociada essencialmente na presente denúncia), centralizada na cidade de Mundo Novo/MS, região de fronteira com o Paraguai”, pontuou o juiz.
Confira a condenação dos 15 integrantes da organização criminosa
Réu | Sentença |
Silvio César Molina Azevedo | 61 anos, 11 meses e 21 dias de reclusão |
Douglas Alves Rocha, o Bodinho | 32 anos e 14 meses de reclusão |
Jefferson Alves Rocha, o Bodão | 4 anos e oito meses no regime aberto |
Maicon Henrique Rocha do Nascimento | 20 anos, 11 meses e 25 dias |
Jair Rockembach, o Chicão | 31 anos e nove meses |
Mayron Douglas Nascimento Velani | 14 anos e oito meses |
Bonyeques Piovezan | 20 anos, 11 mees e 25 dias |
Jonathan Weverton Caraíba | 4 anos e oito meses no regime aberto |
João Clair Alves | 9 anos e oito meses no aberto |
Adriano Feitosa Machado | 3 anos e 10 dias no aberto (prestação de serviço) |
Kaique Mendonça Mendes | 8 anos, seis mees e 15 dias |
Cláudio César de Morais | 21 anos, um mês e 22 dias |
Marcos Teixeira | 28 anos oito meses |
Adayldo Freitas Ferreira | 19 anos, dois meses e seis dias |
Jeferson Batista de Souza | 11 anos, seis meses e 15 dias |
Acusado de movimentar R$ 3,374 milhões para Máfia da Fronteira nos anos de 2014 e 2015 aos 21 anos de idade, Kaique Mendonça Mendes foi condenado a oito anos, seis meses e 15 dias no semiaberto. Ele é acusado de ser o laranja do grupo.
Como chefe da Máfia da Fronteira, o subtenente é acusado de ser o dono de 27 toneladas de drogas apreendidas pela polícia ao longo da investigação. Mesmo com um salário de R$ 12 mil por mês, ele conseguiu erguer um patrimônio de R$ 19,5 milhões na fronteira, segundo a Polícia Federal.
A Operação Laços de Família causou espanto pelos bens apreendidos e pela estrutura montada por Molina para o tráfico transnacional de drogas e para dar apoio ao PCC. De acordo com a PF, a quadrilha tinha mega estrutura, que incluía 10 empresas, sete helicópteros e a utilização de 50 laranjas para lavar o dinheiro do tráfico de drogas e armas.