O Tribunal de Contas da União vai investigar os gastos do presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Brito Ribeiro. Em 22 meses de mandato, o médico campo-grandense recebeu mais de R$ 1 milhão com jetons, diárias e passagens aéreas, apesar da entidade ter fechado com déficit de R$ 70 milhões no ano passado. Ele gastou quase R$ 100 mil em duas viagens a Dubai, conforme reportagem do portal Uol deste domingo (28). (veja aqui)
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Não é a primeira polêmica envolvendo Ribeiro, um aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele foi indiciado pela CPI da Covid do Senado por defender a utilização de medicamento sem eficácia comprovada contra a doença no ano passado. A Defensoria Pública da União cobra R$ 60 milhões em danos morais pela defesa da cloroquina. O órgão cita que pacientes morreram após a utilização do medicamento.
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O Ministério Público Estadual também o denunciou pelo recebimento normal dos salários apesar de ter faltado a 873 plantões na Santa Casa de Campo Grande. Ele é acusado ainda de ter feito manobra ilegal para transformar a exoneração a bem do serviço público em exoneração a pedido para não ficar como “ficha suja” e não poder disputar a presidência do CFM.
O TCU abriu a investigação a pedido do deputado federal Elias Vaz (PSB), de Goiás. O requerimento foi aprovado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. Ele acusa Ribeiro de ter recebido R$ 1,093 milhão até o momento, em 22 meses de mandato. Em média, com passagens aéreas, jetons e diárias, o campo-grandense custou R$ 49,7 mil por mês ao Conselho Federal de Medicina.
O trabalho como conselheiro é voluntário, mas o CFM paga R$ 800 de jeton a cada plenária, reunião ou encontro nacional. Só de jeton, Mauro Ribeiro recebeu R$ 325 mil. Entre 31 de março e 4 de abril do ano passado, ele ganhou R$ 5,6 mil.
Apenas em passagens de avião, incluindo as viagens de Campo Grande a Brasília, Ribeiro gastou R$ 312 mil. As polêmicas viagens a Dubai custaram R$ 65 mil em passagens aéreas e R$ 29,2 mil em diárias.
De acordo com a reportagem, a primeira foi em 2018, quando era vice-presidente do CFM. No ano passado, Mauro Ribeiro voltou a Dubai e a viagem custou R$ 31 mil em passagens e R$ 14,8 mil em diárias. Ele foi à região para participar de uma conferência na Malásia, que ocorreu de 29 de fevereiro a 4 de março do ano passado. A polêmica é que Ribeiro só teria participado do primeiro dia do encontro e retornado a Dubai, onde permaneceu até voltar ao Brasil.
Neste caso, a assessoria do Conselho Federal de Medicina negou a irregularidade e destacou que o portal da entidade, considerado um dos melhores no País, informa que ele participou de todo o evento. No entanto, o deputado goiano tem print informando que o conselheiro só esteve na abertura.
Os gastos de Ribeiro ocorrem justamente no momento em que as finanças do conselho estão no vermelho. No ano passado, a entidade teve receita de R$ 171,6 milhões, mas quitou dívidas de R$ 121,5 milhões e fez outros débitos de R$ 120,2 milhões. O saldo negativo teria sido de R$ 70 milhões. A situação só não está pior, porque há dinheiro em caixa do superávit registrado em outras gestões.
A assessoria do CFM negou qualquer irregularidade nas contas da entidade ou no pagamento feito ao presidente. Ribeiro não se manifestou.