A Polícia Federal investiga três vereadores e a administração do prefeito Marcelo Iunes (Podemos) pela compra de votos nas eleições de 2020 em Corumbá. Conforme material apreendido durante a Operação Mercês, funcionários públicos ofereciam vantagens, desde consultas médicas e exames até pagamento em dinheiro em troca de votos.
[adrotate group=”3″]
Os investigados são os vereadores Yussef Mohamad El Salla (PDT), Manoel Rodrigues Pereira Neto e Alexx Prado Della, ambos do Republicanos. O secretário municipal de Governo, Luiz Antônio da Silva, e a secretária-adjunta de Saúde, Mariluce Gomes Alves Leão, também estão entre os investigados por integrar o esquema.
Veja mais:
Políticos não aprendem: PF mira vereadora e candidatos por fraude na prestação de contas
Condenado por corrupção a 10 anos, ex-vereador é coordenador político de Reinaldo em Dourados
Após 11 anos, ex-vereadores são condenados a 48 anos de prisão por “mensalinho” em Dourados
A investigação começou com a apreensão do veículo de Marconi de Souza Júnior, então assessor do prefeito, saindo do Diretório Municipal do PSDB. Ele estava com cópias de documentos e uma lista de nomes, inclusive o número do título de eleitor, e dinheiro em espécie.
Apesar de supostamente ser o dono da grana, ele não sabia o total de dinheiro apreendido. Em depoimento na PF, Marconi disse que o dinheiro era para obra de reforma da casa e deveria ser algo entre R$ 8 mil e R$ 9 mil.
“MARCONI agia a mando de candidatos a cargos eletivos municipais nas eleições do ano de 2020, que, na maioria das vezes, já ocupavam cargo eletivo e eram candidatos à reeleição, realizando a compra de votos, seja através do pagamento direto a esses eleitores de dinheiro em espécie, seja através da realização de ‘favores’, especialmente a realização de exames médicos”, apontou a PF.]
Conforme a lista em poder do assessor, o prefeito Marcelo Iunes contratou 326 cabos eleitorais e pagava R$ 250 por quinzena para cada um. Por mês, conforme os policiais, ele teria gasto R$ 163 mil com cabos eleitorais. Oficialmente, o prefeito não é investigado, porque possui foro privilegiado e só poderá ser alvo da investigação com aval do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
O alvo são os três vereadores. Yussef foi eleito com 954 votos. Manoel Rodrigues obteve 1.222 votos. O terceiro, Allex Prado, conquistou 861 eleitores. Caso seja provada a compra de votos, eles podem ter o mandado cassado pela Justiça Eleitoral.
A Operação Mercês advém do latim e sintetiza, conforme a PF, o modo de funcionamento da prática eleitoreira de clientelismo. A investigação revelou que os corumbaenses só conseguiam atendimento médico e realizar exames se assumissem o compromisso de votar no prefeito e nos vereadores indicados pelo assessor.
Neste ano, Iunes trocou o PSDB pelo Podemos, partido que tem como representante do ex-juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro. Este não é a primeira ofensiva da PF contra o prefeito corumbaense. No ano passado, ele, a esposa e dois secretários foram alvos de operação de combate à corrupção na cidade. Apesar das suspeitas de corrupção, Iunes foi eleito com 21.208 votos (42,65%).