A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou o encaminhamento à Justiça estadual o inquérito sobre posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e permitido contra o deputado federal Loester Trutis (PSL), o assessor e um amigo. Apenas os supostos crimes descobertos durante a Operação Tracker, deflagrada no dia 12 de novembro do ano passado, serão julgados por uma das varas criminais de Campo Grande.
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Somente após a juntada dos depoimentos do assessor, Ciro Nogueira Fidelis, e do próprio deputado, a relatora vai decidir sobre o pedido de indiciamento de Trutis por posse ilegal de arma, falsa comunicação de crime e disparos de arma de fogo.
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Em despacho publicado nesta quinta-feira (14), a magistrada determina “remessa de cópia integral destes autos e de seus apensos a uma das Varas Criminais da Justiça Estadual de Mato Grosso do Sul – Comarca de Campo Grande, competente para o processamento e julgamento das condutas fortuitamente descobertas no dia 12 de novembro de 2020, por ocasião do cumprimento dos mandados de busca e apreensão expedidos na Petição nº 9077”.
Na ocasião, a PF apreendeu duas pistolas da marca Taurus, calibres 9 milímetro e 357, e um fuzil T4 calibre 556 em poder do parlamentar. A posse deste último levou à prisão de Trutis. Ele acabou sendo liberado pela ministra Rosa Weber porque a mudança na legislação em 2019 não considerou mais a posse de fuzil crime com prisão sem direito a fiança.
Em decorrência da Operação Tracker, o delegado Glauber Fonseca de Carvalho Araújo recomendou o indiciamento do deputado pelos crimes de posse de arma de uso permitido (artigo 12 da Lei 10.826/03), que prevê pena de um a três anos de prisão, e pela posse de arma de uso restrito (art. 16 da Lei 10.826/03), com punição de três a seis anos de reclusão. Além desses artigos, Fidelis e Jovair poderiam responder pelo artigo 29 do Código Penal.
A ministra deve livrar o irmão do deputado, Alberto Carlos Gomes de Souza, com a proposta de acordo de não persecução penal. Para sacramentar a proposta, ela determinou a requisição das certidões de antecedentes criminais à Justiça estadual e à Justiça Federal da 3ª Região.
Rosa Weber também determinou que o delegado Glauber Araújo envie, em 10 dias, “os autos da transcrição dos depoimentos ou das mídias de gravação das oitivas mencionadas às fls. 424 (CIRO NOGUEIRA) e 1.161-verso2 (LOESTER, nova oitiva)”.
Trutis contestou a investigação da PF e fez duras críticas à corporação. Antes de ser alvo, ele gravava vídeos com elogios à atuação dos policiais federais no combate à corrupção.
O deputado alegou que foi vítima de atentado a bala na madrugada do dia 16 de fevereiro do ano passado, quando se deslocava para Sidrolândia. Uma caminhonete L200, azul escura e com placas final 18, teria lhe alcançado e efetuado vários disparos. Na época, ele garantiu que só não foi morto porque estava armado e reagiu ao ataque.
Em um trabalho minucioso, os policiais federais refizeram a trajetória de Trutis desde às 4h20, quando saiu da casa no Bairro São Bento, até o local onde efetivamente teriam ocorrido os disparos. Dois carros foram considerados suspeitos no trajeto e os condutores foram ouvidos na PF. Um era motorista de aplicativo e provou estar realizando transporte de passageiros. O outro ia para propriedade rural.
Os policiais federais usaram o GPS do veículo para refazer o trajeto do deputado. Ele e Ciro teriam transitado devagar na rodovia em busca de estrada vicinal sem movimento para simular o atentado. Câmeras da JBS, de uma transportadora e da PRF confirmaram o trajeto e os três veículos que circularam no mesmo horário na BR-060, conforme a PF.
Atualmente no PSL, Trutis deverá deixar o partido na abertura da janela partidária em março. A presidente da sigla, senadora Soraya Thronicke, afirmou que o parlamentar não será bem-vindo à União Brasil, a ser formada a partir da união com o DEM. Ele deverá se filiar ao partido do presidente Jair Bolsonaro.