A crise das águas assola os dois gigantes que formam as principais bacias hidrográficas de Mato Grosso do Sul. O Rio Paraguai, principal curso de água do Pantanal, registra neste outubro de 2021, a 5ª maior seca da história. Ao Leste do Estado, o alerta vem do Rio Paraná, acossado pela maior crise hídrica em 91 anos.
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Mas se engana quem pensa que os rios padecem sozinhos. Fato é que suas águas fazem falta a todos nós, numa cadeia de prejuízos que passa pela redução do estoque pesqueiro, perdas econômicas com as restrições à navegação, além do aumento da conta de luz.
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No Pantanal, o Rio Paraguai registrou, no último dia 10, a marca de -55 centímetros na régua da Marinha de Ladário, vizinha a Corumbá e a 426 km de Campo Grande.
Na última semana, o Serviço Geológico do Brasil atualizou o prognóstico para a vazante do rio Paraguai, após reunião promovida pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico). No novo documento, o hidrólogo e pesquisador em Geociências do Serviço Geológico do Brasil, Marcus Suassuna Santos, destacou que 2021 é um dos anos mais críticos em relação à seca.
“Neste momento, essa é a quinta pior seca da história da região. Pela tendência atual, é possível que o rio alcance níveis históricos como aqueles de 1964, quando o rio atingiu a cota de -61 centímetros”, afirma Suassuna.
O rio chega ao 3º ano consecutivo sem cheia, o pulso de inundação que até então marcava o ritmo da vida no Pantanal. Em 2018, o Paraguai atingiu 5,38 metros. Naquele mesmo ano, a menor marca na régua foi de agora invejáveis 2,37metros. Neste 2021, o rio só chegou ao 1,88 metro, registrado no mês de abril.
O rio Paraguai corre por 2.695 quilômetros entre a nascente no Mato Grosso até desaguar no Rio Paraná. No retrospecto desde 1900, a maior cheia foi em 14 de julho de 1988, quando chegou a 6,64 metros.
No outro extremo das duas principais bacias hidrográficas, que são divididas pela Serra de Maracaju, corre o Rio Paraná. Segundo maior rio da América do Sul, ele tem três usinas hidrelétricas em território sul-mato-grossense.
No mês de junho, o Ministério de Minas e Energia determinou a redução da vazão, com impacto imediato para os peixes. Na usina Porto Primavera, a ordem foi reduzir a vazão de 3.900 metros cúbicos por segundo para 2.700. Contudo, a vazão teve que ser mantida em 2.900 metros cúbicos por segundo.
“Esse valor de vazão foi recomendado pelos consultores que, em visita a região, comprovaram os relatos de extensas áreas de riscos elevados para a sobrevivência de peixes, se a vazão continuasse sendo rebaixada para 2700 m3/s, como previsto na Portaria nº 524/2021 do Ministério de Minas e Energia (MME)”, detalha relatório técnico sobre redução de vazão na usina de Porto Primavera.
Desde junho, a crise hídrica resulta na escalada da conta de luz, sentida por todos os brasileiros. No mês de agosto, o governo federal anunciou uma nova bandeira tarifária: a bandeira de escassez hídrica. Para suprir a produção de energia, foram acionadas as termelétricas, que encarecem a conta.
Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi reativada a termelétrica William Arjona. De acordo com Folha de São Paulo, térmica sediada em Campo Grande é a que produz a energia mais cara do Brasil.