Cinco deputados de Mato Grosso do Sul aprovaram, na sessão desta quarta-feira (6), a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicar a fortuna em paraíso fiscal, onde não paga impostos. Apenas os bolsonaristas Luiz Ovando, o Dr. Ovando e o Loester Trutis, ambos do PSL, votaram contra a proposta para ele explicar no plenário o motivo de aplicar US$ 9,55 milhões – o equivalente a R$ 52,3 milhões – fora do Brasil.
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A convocação do principal ministro do Governo de Jair Bolsonaro (sem partido) foi aprovada por 310 votos a favor e 142 contra a proposta. Da bancada federal sul-mato-grossense, foram a favor os deputados Beto Pereira e Bia Cavassa, do PSDB, Dagoberto Nogueira (PDT), Fábio Trad (PSD) e Vander Loubet (PT).
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“O problema não é a offshore. O problema é tê-la sendo Ministro da Economia. Por exemplo: diante de uma decisão que beneficiasse o povo, mas fosse devastadora aos seus investimentos, alguém acha que ele decidiria contra si próprio? Gravíssimo o caso. A incompatibilidade é clara”, justificou Fábio Trad.
Mesmo fora da gestão da fortuna em seu nome, da esposa e da filha nas Ilhas Virgens Britânicas, Guedes acaba se beneficiando da alta do dólar. Entre a posse no comando do Ministério da Economia e hoje, a fortuna de Guedes teve valorização de 50%, passando de R$ 34,8 milhões para R$ 52,3 milhões. O valor considera a evolução da cotação do dólar no período, de R$ 3,65 para R$ 5,482 (ontem).
Beneficiado diretamente pela valorização da moeda, o ministro da Economia minimizou, em várias ocasiões, a desvalorização do real. Em novembro de 2019, nos Estados Unidos, ele disse que o brasileiro deveria se “acostumar com o câmbio mais alto”. “O dólar está alto? Problema nenhum, zero”, ressaltou na ocasião em Washington.
Em palestra na Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) neste ano, Guedes defendeu a política de valorização do dólar e de juros mais baixos. O problema é que a maior parte dos brasileiros não ganham em dólar nem possuem depósitos na moeda americana em paraísos fiscais.
“Além de ter subscrito pedido de convocação na CCJC, votei sim ao chamamento impositivo de Guedes para o plenário da Câmara. Antes de acusá-lo de parasita e colocar uma granada política em seu cargo, urge ouvi-lo, chance que ele negou aos servidores públicos que não tem offshore”, cutucou Fábio Trad.
“Paulo Guedes tem offshore milionária em paraísos fiscais. Roberto Campos Neto, manteve offshore durante seus 15 primeiros meses no cargo. Muita coisa se explica não? Vamos tomar providências na Câmara, isso precisa ser investigado a fundo!”, defendeu Dagoberto.
As contas do ministro no paraíso fiscal foram reveladas pelo projeto Pandora Papers, mantido pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. No Brasil, as revelações foram feitas pelo Poder 360 e pela revista Piauí.
As revelações não atingem apenas a cúpula da economia brasileira. O terremoto político atinge vários países, como o Chile, onde o envolvido não é ninguém menos que o presidente Sebastian Piñera.
Dr. Ovando e Trutis não explicaram porque foram contra a convocação do ministro para explicar a fortuna no paraíso fiscal.
A deputada federal Rose Modesto (PSDB) não participou da votação sobre a convocação do ministro.