Reinaldo Azambuja (PSDB) decidiu reagir às constantes críticas pela alta no preço da gasolina, que já se aproxima de R$ 7 no interior de Mato Grosso do Sul, e se juntou aos governadores para responsabilizar Jair Bolsonaro (sem partido) pela escalada no custo dos combustíveis. O tucano criticou o lucro astronômico da Petrobras, estatal controlada pelo Governo federal e que promoveu nove reajustes no preço da gasolina apenas neste ano.
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A guerra entre os estados e a gestão de Bolsonaro ficou mais acirrada com campanha publicitária da petrolífera em que responsabiliza os estados pelo aumento da gasolina. A estatal elevou o preço da gasolina em 51% em 2021, com o valor chegando a R$ 2,78 na refinaria.
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Só que na campanha, a Petrobras diz que fica com apenas R$ 2 do total pago pelo consumido pela gasolina. Governadores de 13 estados foram à Justiça com ação civil pública para suspender a propaganda.
O governador sul-mato-grossense não endossou a ação na Justiça, mas subiu o tom na quinta-feira. “Momentaneamente até como contribuição a este momento, eu acho que deve ser pesquisado é por que a Petrobras aumentou tanto o preço da gasolina e do diesel no ano 2021? Será que não tá na hora da Petrobras abrir mão do lucro de R$ 40 bilhões e olhar pela população brasileira?”, criticou o tucano, conforme registrado pelo Campo Grande.
O tucano faz referência ao balanço da Petrobras referente ao segundo trimestre deste ano, quando registrou lucro de R$ 42,8 bilhões. O número surpreendeu o mercado e especialistas, que esperavam lucro de R$ 25 bilhões.
Esta foi a primeira reação do tucano, mas ainda sem citar nominalmente Bolsonaro. O presidente tentou mudar a política de preços da Petrobras, mas a substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna não surtiu efeito. A política de atrelar o preço dos combustíveis ao mercado externo e a alta do dólar permanece.
Enquanto o campo-grandense se esforça para abastecer o tanque, onde a gasolina gira em torno de R$ 6, o presidente da estatal entrou em outra polêmica. Conforme a Folha de São Paulo, o salário pago pela Petrobras ao general Silva e Luna supera R$ 220 mil por mês. A regalia até foi criticada pela revista das Forças Armadas.
O sul-mato-grossense acabou sentindo em dobro o aumento no preço da gasolina, porque o governador Reinaldo Azambuja elevou a alíquota do ICMS de 25% para 30% em março do ano passado. O “pacote de maldades” foi aprovado com o apoio de 15 dos 24 deputados estaduais.
Bolsonaro já citou nominalmente o aumento no ICMS pelo Governo de Mato Grosso do Sul como o principal motivo pelo encarecimento do combustível. No entanto, o presidente ignora ou minimiza quando é questionado sobre a política de preços da Petrobras.
A política de preços dos combustíveis de Bolsonaro já foi adotada na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, a medida foi apontada como uma das principais causas da derrota de José Serra para o Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2002.
A gasolina e o diesel não são os únicos que pesam no orçamento do brasileiro. O consumidor também tem reclamado do preço do botijão de gás, que tem superado R$ 100 na Capital. A crise hídrica, que tem elevado o valor da tarifa de energia, e a disparada no preço da carne também tem causado revolta em parte da população sul-mato-grossense.