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    Opinião

    Em artigo, filósofo mostra como seria o famoso cidadão brasileiro no divã de Freud

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt11/09/20217 Mins Read
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    No artigo “No divã de Freud”, o jornalista e filósofo Mário Pinheiro imagina como seria a consulta de um brasileiro com o famoso psiquiatra Sigmund Freud. Entre os delírios do atual momento da política brasileira, o conceituado médico neurologista, criador da psicanálise, reflete sobre os questionamentos do paciente com filósofos famosos como Kant, Sartre, entre outros.

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    “Imagine que, depois de um dia de trabalho, o cidadão tira da cinta o revólver automático e coloca no criado mudo da cama, deita-se, sem tempo de desfilar o filme de sua jornada, adormece num instante e começa a sonhar. No sonho ele está no divã de Sigmund Freud. As reflexões freudianas têm grande importância na filosofia”, pontua.

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    “Freud indaga Sartre, e o filósofo responde com outra questão, como é possível achar que somos quando na verdade estamos carcomidos pelo incerto, pela dúvida, a escuridão… na verdade a vida é vazia se não lutarmos pelos direitos humanos, pela igualdade, o respeito, se não dermos voz aos excluídos… o sentido real não existe sem estes fatores”, relata Pinheiro.

    “Freud retruca, mas o que posso fazer com um tipo vazio? Como assim, vazio, retomou Sartre. É que meu cliente acabou de dizer que por uma questão individualista, ameaçou jogar bombas no quartel em que servia, foi avaliado “desequilibrado” por um tribunal de bananas, depois, depois se elegeu vereador, deputado oito vezes e ficou riquíssimo… até que apareceu aqui pedindo ajuda, disse que tinha acabado com a vida dos trabalhadores para favorecer o patronato”, descreve.

    Confira o artigo na íntegra:

    “No divã de Freud

    Mário Pinheiro

    Imagine que, depois de um dia de trabalho, o cidadão tira da cinta o revólver automático e coloca no criado mudo da cama, deita-se, sem tempo de desfilar o filme de sua jornada, adormece num instante e começa a sonhar. No sonho ele está no divã de Sigmund Freud. As reflexões freudianas têm grande importância na filosofia.

    Ele pergunta, anota, ouve com atenção, na verdade se trata de sonho sob hipnose. Mas o sonho, pesquisado por Freud, vai além do simples fato de se deitar, adormecer e viver situações bizarras consciente ou inconscientemente. Ele trabalha o problema psicológico de cada um, o conceito das pulsões de morte, pois além da formação medical, Freud estudou a fisiologia e a neurologia. Aqui, falar de método seria excessivo, porque o cidadão sobre o divã não entende a razão de estar ali falando sobre guerra civil, de golpe, de matança e de moral cristã.

    O cidadão adormecido sob hipnose pergunta se a análise dos sonhos permite resolver questões deixadas pela “Crítica da razão pura” tão debatidas por Kant, que jamais compreendeu uma linha. Freud dá os ombros, retoma o ponto de partida, o sonho. Sim ou não Sr. Freud? Descontente com o ar científico do psiquiatra, ele embala uma frase sem sentido, mas recheada de palavrões. Freud lhe diz que a interpretação de um sonho não pode se dar na ausência do discurso do sonhador e responde que o cliente pode estar sob o traumatismo psíquico, algo que aconteceu na juventude ou ainda na infância, ele pode ter batido a cabeça, sofrido algo raro e que tem vergonha de falar. 

    Freud pede licença e passa um telefonema para Sartre. Do outro lado da linha o filósofo fala do ser e o nada, relembra Kierkegaard em sua primeira manifestação existencialista e resume sua introdução com “o homem está condenado a ser livre” nos dizeres de Rousseau, mas não dá para aturar idiotas e psicopatas. Quase resolvida a questão, a vinda deste cidadão ao meu consultório é a procura de resposta sobre o ser e o nada.

    Freud indaga Sartre, e o filósofo responde com outra questão, como é possível achar que somos quando na verdade estamos carcomidos pelo incerto, pela dúvida, a escuridão… na verdade a vida é vazia se não lutarmos pelos direitos humanos, pela igualdade, o respeito, se não dermos voz aos excluídos… o sentido real não existe sem estes fatores.

    Freud retruca, mas o que posso fazer com um tipo vazio? Como assim, vazio, retomou Sartre. É que meu cliente acabou de dizer que por uma questão individualista, ameaçou jogar bombas no quartel em que servia, foi avaliado “desequilibrado” por um tribunal de bananas, depois, depois se elegeu vereador, deputado oito vezes e ficou riquíssimo… até que apareceu aqui pedindo ajuda, disse que tinha acabado com a vida dos trabalhadores para favorecer o patronato.

    Sobre o individualismo Sartre responde que é culpa do clericalismo, acrescenta que é um problema da falta de crítica da razão dialética, que falta entender a motricidade do trabalhador que desconhece o marxismo. Mas se ele tirou a fatia dos trabalhadores, ele é louco e não sabe.

    Então, meu caro amigo, este cidadão no meu divã odeia homossexual, negro… é fascista tal e qual Mussolini, prega uma moral inexistente, falsa, posa ao lado de pastores e da boiada, te juro que jamais vi um caso parecido, sua patologia está parecida ao do gado.

    Freud desliga o telefone, digita outros números: alô, Albert Camus, você poderia me falar de sonho e realidade? Sim, claro, mas qual é o interesse, disse o autor de “O Estrangeiro”. É para me auxiliar a avaliar uma pessoa, responde Freud. Qual é a profissão dele? Ele disse que agora é presidente dos milicianos. Com simplicidade e honestidade, Camus diz então, que o dito cujo sendo tudo isso, falta-lhe caráter, personalidade de gente, porque, segundo ele, assemelhava-se aos imperadores romanos Calígula e Nero.

    O primeiro humilhava os soldados, embora o presidente miliciano queira que eles sejam seus súditos; o segundo ria como hiena desvairada enquanto Roma se perdia nas chamas. Os dois imperadores foram cruéis, não eram favoráveis a vida. Me parece, Freud, que o maluco em teu consultório, é doente e não sabe, ele é a tragédia personificada.   

    Freud ouvia e dizia: que bonito, um antro de fotossíntese misturada com o gene humano, metamorfoseada à la Kafka, moral inexistente. O doutor Jung, sentado na outra extremidade da sala, fumava um cachimbo numa espécie de ritual com a fumaça, e de vez em quando, meneava a cabeça negativamente, reprovando o cidadão. Mas fale mais, dizia Freud.

    O cliente hipnotizado dizia que desejava ter os generais aos seus pés, que tornaria seu país numa pocilga ajoelhada aos “esteites”, seus filhos ladrões e ranhentos viriam a ser respeitados. Freud lhe pergunta então qual a razão de estar ali ruminando fatos. O hipnotizado se contradiz em tudo que afirma e diz que Paulo Freire era o maior comunista. Oxe, que mentira da moléstia, disse Freud, enquanto Jung não se aguentou de rir e caiu da poltrona. Diga mais menino, isso está interessante, ao mesmo tempo em que franzia a boca.

    Freud anotava, ajeitava os óculos e coçava a barba rala. Nisto ele se lembrou do contemporâneo Nietzsche e arriscou rever escritos dele. Tal como Freud, Nietzsche também tentou oferecer uma interpretação teórica da psiquê humana. Enquanto Nietzsche trabalhou o vocabulário das pulsões, do efeito, do inconsciente, da sublimação, Freud colocou em prática a hipnose e desenvolveu trabalhos interessantes sobre a recuperação.

    De fato, o filósofo alemão havia dito que a falta de consciência social era um problema moral que vinha da ausência cultural, de quando trabalhou com o músico Richard Wagner, da completa ignorância e que quando isso acontece, tal como o povo alemão beijando os pés de Hitler, o cidadão mata o crepúsculo, a esperança e passa a viver de migalhas.

    Tai a reposta, resumiu Freud para o cidadão em seu consultório. O sonho no divã chega ao final de forma repentina quando o sonhador vê os enfermeiros chegando com a camisa de força, a injeção sossega-leão.”

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris.

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