O empresário Fahd Jamil terá acesso ao depoimento sigiloso e bombástico da funcionária da família Name sobre o assassinato do seu filho, Daniel Alvarez Georges, o Danielito, ocorrido em 2011. Novas revelações apontam que o rapaz pode ter sido executado pelo compadre do pai, Jamil Name, para manter o controle do jogo do bicho em Campo Grande.
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No entanto, o juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, negou o pedido da defesa para convocar o delegado Fábio Peró, titular do Garras (Delegacia de Repressão a Assaltos a Banco, Roubos e Sequestros). Ele tinha citado a suspeita de que Name mandou matar o filho do compadre, o Rei da Fronteira, no depoimento sobre a execução do chefe da segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo.
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Em despacho disponibilizado na quinta-feira (2), o magistrado ponderou que Peró prestou depoimento no dia 16 de junho deste ano e Fahd foi interrogado no dia seguinte. Na ocasião, os advogados não alegaram nada a respeito do caso envolvendo a família Name com a morte de Danielito.
“Lado outro, a eventual contradição existente no depoimento do Delegado Fábio Peró poderá ser esclarecida, se e, somente se, caso ocorra uma decisão de pronúncia, quando então, tais Delegados poderão ser arrolados como testemunhas na fase do art. 422 do CPP”, ponderou Aluizio Pereira dos Santos.
“Avançando, a notícia jornalística não possui o condão para desnaturar depoimentos colhidos em juízo perante o contraditório e a ampla defesa”, afirmou o magistrado sobre a reportagem da revista Piauí, que deu detalhes da revelação bombástica feita pela funcionária da família Name.
No depoimento feito à força-tarefa da Polícia Civil e do Garras, que apura as execuções em Campo Grande, a mulher contou que Daniel insinuou que Fahd Jamil tinha interesse em reassumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande, que tinha dado para Jamil Name explorar desde os anos 70.
Para a defesa de Fahd, a tese desmontaria a principal linha da acusação de que ele planejou a execução de Figueiredo para vingar a morte do filho. Daniel desapareceu após um passeio por um dos shoppings mais famosos de Campo Grande em 2011 e nunca mais foi visto. A polícia nunca localizou o seu corpo.
O juiz seguiu a linha do Ministério Público Estadual, de que eventuais contradições nos depoimentos dos delegados poderão ser questionadas durante o júri popular, caso ele decida pronunciar os acusados pelo homicídio. “Portanto, neste momento, desnecessária novas oitivas dos Delegados Fábio Peró Correa Paes e João PauloNatali Sartori, mormente em face da duração razoável do processo na presente ação penal que apura um fato ocorrido no ano de 2018”, ressaltou.
No entanto, o juiz determinou que o Gaeco junto aos autos, em 10 dias, o depoimento secreto da funcionária da família Name. Em seguida, o MPE terá prazo para complementar as alegações finais. Em seguida, as defesas técnicas deverão apresentar as alegações finais. Só então o juiz decidirá se levará o poderoso Rei da Fronteira ao primeiro júri popular em oito décadas por homicídio.
Fahd Jamil está em prisão domiciliar por ordem do juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, e tem as visitas e consultas médicas monitoradas pela Justiça.