Megaoperação da Polícia Federal deflagrou novo escândalo de corrupção na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB). Na manhã desta quarta-feira, a Operação SOS-Saúde investiga o Instituto Gerir, que recebeu R$ 94 milhões do Governo do Estado para deixar em colapso o Hospital Regional Dr. José Simone Netto, de Ponta Porã.
[adrotate group=”3″]
Para cumprir 34 mandados de busca e apreensão em quatro estados, 182 policiais federais e auditores da Receita Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) foram às ruas para apurar os crimes de peculato (desvio de dinheiro público), falsificação de documentos, irregularidade em licitações e organização criminosa.
Veja mais:
Entidade recebe R$ 94 mi, deixa hospital em colapso e intervenção expõe fracasso de Reinaldo
270 milhões: Saúde suspende licitação suspeita para gestão de hospital para “ajustes”
Não aprende! Governo contrata outro instituto envolvido em escândalo para gerir hospital no interior
Denúncia apresenta “ficha suja” e pede para TCE livrar hospital de OS investigada pela PF
“O Inquérito Policial foi instaurado, em 14 de fevereiro de 2019, para apurar diversas irregularidades praticadas por Organização Social (especialmente entre 08/08/2016 a 31/07/2017) que administrava, na época, o Hospital Regional Dr. José Simone Netto, localizado em Ponta Porã/MS”, informou a PF, por meio da assessoria. O contrato foi firmado no segundo ano da gestão de Reinaldo e rescindido em 2019 após a organização social atrasar salário dos profissionais de enfermagem e médicos.
“O esquema criminoso investigado possuía, resumidamente, a seguinte dinâmica: a Organização Social firmou (em 05/08/2016) contrato de gestão com o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, através desse instrumento contratual passou a receber elevados valores com o compromisso de gerenciar o Hospital Regional de Ponta Porã/MS; entretanto, valia-se de diversos subterfúgios para desviar os recursos (que deveriam ser aplicados na área da saúde) em proveito de empresas vinculadas aos próprios dirigentes da Organização Social”, pontua.
Com a operação desta quarta-feira, a gestão de Reinaldo passa a fazer parte do grupo de administrações estaduais investigadas por irregularidades nos contratos firmados com as OS. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Wiltzel (PSC) foi afastado do cargo após investigação da PF que apurou desvios por meio dos contratos com organizações sociais na área de saúde.
A Operação SOS-Saúde mira os gestores do Instituto Gerir e as empresas que receberam irregularmente repasses financeiros e seus respectivos sócios-administradores. Dois contadores e os escritórios de contabilidade também receberam visita dos policiais federais.
“Cabe destacar a amplitude nacional da investigação, pois a Organização Social, muito embora formalmente não possuísse fins lucrativos, cresceu exponencialmente desde a sua fundação (em 2011), passando a administrar diversas unidades de saúde espalhadas por vários Estados da Federação (MS, PB, SP, BA, GO, MT), o que implicou o recebimento de vultosos valores financeiros (quase 1 bilhão de reais entre 2014 e 2019)”, destacou a PF.
“Estão sendo cumpridos, ao todo, 34 (trinta e quatro) mandados de busca e apreensão, em 25 (vinte e cinco) endereços diferentes, dos quais 11 (onze) estão localizados no Estado de São Paulo, 10 (dez) em Goiânia/GO, 3 (três) em Brasília/DF e 1 (um) em Campo Grande/MS, além do sequestro de bem, direitos e valores”, informou, sem detalhar o montante bloqueado pela Justiça Federal.
Os trabalhos contam com a participação de 112 policiais federais, 54 servidores da Receita Federal e 16 da Controladoria Geral da União.
O nome da operação (SOS-Saúde) faz alusão tanto ao principal investigado, que se trata de uma Organização Social (OS) que deveria fazer o correto emprego das verbas públicas destinadas à área da saúde, bem como a socorro (sigla SOS) prestado pelas instituições de controle ao serviço de saúde pública.