Movimentos de direita realizam manifestação a favor do voto impresso neste domingo, a partir das 9h, na Praça do Rádio, no Centro de Campo Grande. Os defensores da ideia, abolida desde o final dos anos 90 com a implantação da urna eletrônica, ganharam força com a live polêmica, realizada na quinta-feira (29) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na qual alegou não ter provas, mas indícios de que houve fraude nas últimas eleições.
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“Em Campo Grande, onde estou, as manifestações terão início às 09h, na Praça do Rádio Clube. Junte-se a nós! A democracia brasileira precisa de você!”, convocou o deputado estadual Carlos Alberto David dos Santos, o Coronel David (sem partido), um dos bolsonaristas mais fiéis ao presidente na Assembleia.
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Outro grupo convocou o ato a favor do voto impresso a partir das 9h, mas em frente ao CMO (Comando Militar do Oeste), na Avenida Duque de Caxias. Parte dos seguidores de Bolsonaro na Capital sempre realiza protestos em frente ao Exército.
“O Brasil precisa de nós! Neste domingo vamos às ruas em diversas cidades do Brasil para mostrar nosso apoio à PEC do Voto Impresso Auditável! Em defesa da transparência nas eleições! Pela CONTAGEM PÚBLICA DOS VOTOS!”, conclamou o deputado estadual Renan Contar, o Capitão Contar (PSL), outro bolsonarista convicto. Ele defende a mudança no sistema, mesmo sendo o mais votado na última eleição. Coronel David ficou em segundo.
“Em defesa da DEMOCRACIA! Em defesa do FUTURO dos brasileiros! Procure os pontos de concentração em sua cidade. #Dia01vaiserGIGANTE”, conclamou Contar. “Vamos para as ruas pelo fortalecimento do processo eleitoral”, destacou David, na mesma linha.
“Estou com o Sr e não abro presidente! O Sr é mais perseguido pq muitas falcatruas estão sendo desmascarada o jogo sujo de décadas e mais décadas! E eu creio que muitas máscaras ainda vão e ainda estão por cair! É bíblico que nada fica escondido ou oculto por muito tempo que um dia não seja revelado! Muitas situações tem que acabar tem que haver um basta por definitivo!!!”, comentou um eleitor, dando apoio à manifestação.
O evento se transformou em estratégico porque o Congresso Nacional votará a PEC do Voto Impresso no início de agosto. A expectativa é de que a proposta seja barrada na Comissão Especial criada para discutir a proposta. Além dos ministros do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Eleitoral, a proposta conta com a oposição de 11 partidos.
O voto impresso é uma das bandeiras do presidente da República. Em live realizada na última quinta-feira, Bolsonaro voltou a defender o voto impresso e a contagem pública. Apesar de ter sido eleito na última eleição, Bolsonaro sustenta que foi vítima de fraude, porque teria ganho o pleito no primeiro turno.
Ele também repetiu que o deputado federal Aécio Neves (PSDB), alvo de várias denúncias de corrupção e gravado pedindo uma fortuna para o presidente da JBS, Joesley Batista, foi eleito presidente em 2014 na disputa vencida pela petista Dilma Roussefff. O PSDB veio a público e contestou a informação de Bolsonaro ao alegar que pediu auditoria e ficou provado a lisura da eleição vencida por Dilma em 2014.
O tamanho da manifestação de amanhã será fundamental para dar sobrevida à proposta na Câmara dos Deputados. O eventual fracasso de público vai dar força aos defensores da manutenção do sistema eleitoral atual, sem mudanças e sem necessidade de voto impresso.
Nos anos 90, o voto impresso era usado pelos candidatos para pagar o eleitor. Em troca do comprovante de votação, o eleitor ganhava dinheiro. Além disso, denúncias de fraudes na contagem de votos eram frequentes.