O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) foi vaiado ao discursar durante evento com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Ponta Porã, a 323 quilômetros da Capital. Esta é a segunda vez que o tucano, denunciado no Superior Tribunal de Justiça por receber R$ 67,791 milhões em propinas da JBS, é hostilizado ao participar de evento com o presidente.
[adrotate group=”3″]
Já Bolsonaro foi recebido por uma multidão no aeroporto da fronteira. Centenas de apoiadores o recepcionaram aos gritos “mito”. Apesar do uso de máscara ser obrigatório na cidade, o presidente não utilizou a proteção facial no município.
Veja mais:
Bolsonaro ignora alta de 43% na Petrobras e culpa Reinaldo pelo aumento da gasolina em MS
Denunciado no STJ e após vaias em Corumbá, Reinaldo foge de evento com Bolsonaro em MS
Bolsonaro inaugura radar para acabar com pontos cegos no combate ao crime na fronteira
O presidente participou da inauguração da 3ª Estação Radar, que teve investimento de R$ 127 milhões e contou com construção de mais duas unidades, em Corumbá e Porto Murtinho. Lançado em 2018, na gestão de Michel Temer (MDB), as estações vão ajudar a Força Aérea Brasileira a combater o crime organizado. Construído pela Omnisys, subsidiária do Grupo Thales do Brasil, os equipamentos vão cobrir toda a extensão da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia.
“É mais uma ação do Governo federal para combater o ilícito, o tráfico de drogas e armas”, exaltou Bolsonaro sobre a inauguração. O evento contou com a presença do tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet, e dos ministros da Defesa, Walter Braga Neto, da secretária geral, Onyx Lorenzoni, da Agricultura, Tereza Cristina, e da Segurança Institucional, Augusto Heleno.
O desembarque de Bolsonaro em Ponta Porã ocorreu em meio ao escândalo do suposto pagamento de propina na aquisição da vacina contra a covid-19 pelo Ministério da Saúde. Acusado de cobrar US$ 1 por dose, Roberto Dias foi demitido do cargo de diretor do Ministério da Saúde. Também houve a revelação de que o servidor do ministério, Ricardo Miranda, recebeu proposta de propina de R$ 1,2 milhão para não fazer as denúncias.
Durante o pronunciamento, Bolsonaro atacou a CPI da Covid do Senado. “Não conseguem nos atingir, não vai ser com mentiras nem com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar”, afirmou. Dos 11 integrantes da comissão, sete são de oposição ao Governo e apenas quatro são da base aliada.
O presidente ainda vai participar de churrasco para 500 pessoas no Sindicato Rural de Ponta Porã.
A solenidade de inauguração foi marcada por vaias contra Reinaldo. No discurso, o tucano agradeceu a Bolsonaro pelo envio de 165,5 mil doses da Janssen para imunizar toda a população dos 13 municípios da fronteira contra a covid-19.
Azambuja citou a ministra Tereza Cristina, que é deputada federal licenciada, como “orgulho” do Governo de Bolsonaro e de Mato Grosso do Sul. “Deus abençoe sua caminhada”, desejou o tucano, que passou a maior parte do discurso tecendo loas a Bolsonaro na esperança de receber aplausos.
Reinaldo foi vaiado pela primeira vez ao participar da inauguração da Estação Radar no dia 18 de agosto do ano passado. Em 14 de maio deste ano, o tucano não participou da solenidade com Bolsonaro em Terenos, onde o presidente entregou títulos da reforma agrária para assentados.
Dos três senadores, o único de acompanhou Bolsonaro em Ponta Porã foi Nelsinho Trad (PSD). Ele não assinou o pedido para prorrogar a CPI da Covid pelo Senado, mas defendeu a investigação as denúncias contra o Governo. Na opinião do senador, que é campeão no Senado em ações de improbidade, a apuração deve ser feita por órgãos competentes, conforme o Midiamax.