A quebra do sigilo dos dados do telefone celular pode revelar a ligação do ex-deputado estadual e ex-comandante da Polícia Militar, coronel José Ivan de Almeida, com o jogo do bicho. A juíza Eucelia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, autorizou acesso do Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) às mensagens do aparelho apreendido no dia 26 de maio deste ano.
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“Busca-se a identificação de outras pessoas envolvidas nos fatos e a ligação entre o(a)(s) autuado(a)(s). Diante dos elementos constantes nos autos, verifico que a diligência pretendida deve ser deferida”, concluiu a magistrada, em despacho publicado na sexta-feira (25). “A Autoridade Policial tem o dever de apreender os objetos que tiverem relação com o fato criminoso e promover as perícias necessárias, conforme determina o artigo 6º, incisos II e VII, do Código de Processo Penal”, pontuou.
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Coronel Ivan, como é conhecido, foi preso em flagrante no dia 26 de maio deste ano ao fazer ameaças para receber uma dívida para o arquiteto Patrick Samuel Georges Issa, 43, sobrinho de Fahd Jamil. Além dele, o Garras prendeu o policial civil aposentado Reginaldo Freitas Rodrigues, 62, e Issa. Eles foram soltos por determinação da Justiça na audiência de custódia.
De acordo com o delegado Fábio Peró, do Garras, a análise das mensagens enviadas pelo celular pode ter mais provas e revelar a participação de outras pessoas na extorsão. Empresário emprestou R$ 80 mil de Patrick e continuava sendo cobrado, mesmo depois de ter pago mais de R$ 150 mil. Conforme a polícia, ele estaria sendo coagido a assinar promissória no valor de R$ 450 mil, a dar terreno no residencial de luxo Alphaville e parte na empresa.
O acesso às mensagens teve parecer favorável do Ministério Público Estadual. “Por sua vez, a verificação do conteúdo existente no aparelho celular apreendido com o agente, em situação de flagrante delito, mostra-se relevante e necessária, na medida em que com a extração do conteúdo de aparelho celular apreendido poderá se obter elementos informativos que contribuirão para a elucidação da prática delitiva”, afirmou Eucelia Moreira Cassal.
“Ao meu sentir a providência pretendida difere da hipótese da interceptação telefônica, posto que não viola fluxo de dados entre os interlocutores, mas revela dados armazenados que já trafegaram entre os aparelhos”, destacou a juíza.
Uma fonte da Polícia Civil contou que além das provas da extorsão, a quebra do sigilo dos dados pode elucidar as suspeitas de que o coronel estaria trabalhando para o jogo do bicho na Capital. Com a prisão dos empresários Jamil Name e Jamil Name Filho na Operação Omertà, um grupo da Bahia passou a explorar a atividade e teria contado com o apoio estratégico do ex-comandante da PM.
No depoimento à polícia, no dia prisão, o coronel Ivan decidiu permanecer em silêncio. Ao Campo Grande News, o advogado Ronaldo Franco afirmou que o dinheiro encontrado na casa do militar, R$ 16,6 mil, seja fruto de extorsão. Ele disse que era proveniente da venda de um veículo.