Richelieu de Carlo
A Justiça de Mato Grosso do Sul decidiu tornar réu o empresário Fahd Jamil, conhecido como “Rei da Fronteira”, no processo pela morte do policial civil Anderson Celin Gonçalves da Silva, 36 anos, e do pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira, 55, o Betão. O crime ocorreu em abril de 2016. Os corpos de ambos foram encontrados em uma caminhonete Hilux, na região do lixão de Bela Vista, saída para Caracol. Para a acusação, Fahd mandou matar os dois para vingar a morte do filho Daniel Georges.
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O duplo homicídio é mais um crime atribuído ao suposto grupo de extermínio chefiado por Fahd Jamil, que está preso desde 19 de abril, suspeito de cometer nove execuções brutais. A denúncia do Ministério Público Estadual que acusa Fahd de ser o mandante da dupla execução foi aceita pela juíza Jeane de Souza Barboza Escobar, da comarca de Bela Vista na terça-feira (18).
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Além do “Rei da Fronteira”, outros três são réus neste processo: Oscar Ferreira Leite Neto, Melciades Aldana e Gabriel de Rossi dos Santos. O Ministério Público também solicitou a prisão preventiva dos denunciados e a decretação de sigilo dos autos. Ambos pedidos foram negados pela magistrada.
Em uma primeira denúncia, Oscar Neto, o Oscarzinho, que está desaparecido desde 2017, é acusado de ser o autor do duplo homicídio, junto com Guilherme Gonçalves Barcelos, que denunciou o primeiro de fazer os disparos. Guilherme foi encontrado morto na cela em que estava detido, em maio de 2016.
Nesta nova denúncia, como considerou a juíza Jeane Escobar, a acusação aponta Gabriel de Rossi dos Santos como cúmplice de Oscarzinho no crime, e que também teria feito disparos. Além disso, aponta novos elementos.
“Ademais, afirmou-se que eles agiram por motivo torpe, tendo em vista terem sido contratados pelo denunciado Fahd Jamil para vingarem a morte de seu filho Daniel Alvarez George, tendo como intermediário na execução o denunciado Melciades Aldana”, relata a magistrada em seu despacho. “Como se vê, houve modificação dos fatos imputados a Oscar Ferreira Leite Neto, razão pela qual ele deverá ser novamente citado, ainda que por edital”.
No banco dos réus e outros crimes
O empresário Fahd Jamil e seu filho, Flávio Correia Jamil Georges, são acusados pelo Ministério Público Estadual de integrarem organização criminosa que atuava em Ponta Porã e tinha parceria com o grupo criminoso que seria comandado pelos também empresários Jamil Name e Jamil Name Filho, em Campo Grande.
O “Rei da Fronteira” é réu na Operação Omertà por corrupção, organização criminosa, tráfico de armas e de mandar executar o chefe da segurança da Assembleia Legislativa, sargento da Polícia Militar Ilson Martins Figueiredo. O empresário teve a prisão preventiva decretada em junho de 2020, pelo pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, quando foi deflagrada a Operação Armagedon, 3ª fase da Omertà.
De acordo com o Ministério Público Estadual, Fahd, junto com Jamil Name e Jamil Name Filho, mandou executar o policial para vingar a morte do filho, Daniel Georges, que desapareceu dentro de um shopping de Campo Grande em 2011. Ele suspeita que o filho foi assassinado.
Fahd e o filho, Flávio Correia Jamil Georges, são réus em mais duas ações penais por corrupção ativa e passiva, organização criminosa, obstrução de justiça, tráfico de armas de grosso calibre, entre outros.
Fahd está preso desde 19 de abril deste ano, na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), quando se entregou espontaneamente à polícia. Ele aguarda a realização de exames para ter o pedido de prisão domiciliar ser analisado pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande.
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