Livre de duas ações por improbidade administrativa, o presidente regional do PSDB, Sérgio de Paula, reassume, após quatro anos, o cargo de chefe da Casa Civil e vai dividir a articulação política do Governo do Estado com o dirigente regional do Podemos, Sérgio Murilo. Para abrir a vaga de vereador para Ademir Santana (PSDB), réu por extorsão armada junto com Jamil Name e Jamil Name Filho, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ainda criou a Secretaria de Cidadania e Cultura para acomodar o João César Matto Grosso Pereira.
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Com a criação das duas novas secretarias, o tucano passa a contar com 11 pastas e deixa no passado o discurso de reduzir gasto com a máquina pública. As novas pastas foram criadas para fazer acomodações políticas.
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Santana não conseguiu ser reeleito no ano passado e ficou de primeiro suplente. Durante a eleição, ele foi alvo da Operação Omertà, deflagrada pelo Garras e pelo Gaeco. O tucano foi denunciado e virou réu por ter levado o empresário José Carlos de Oliveira para ser extorquido pelos Names. Conforme a denúncia, ele e a esposa foram ameaçados de morte para entregar a casa para os chefes do grupo de extermínio.
A residência foi usada como paiol da organização criminosa. No local, o Garras apreendeu arsenal de guerra, que incluía fuzis de diversos calibres, e deu início da Operação Omertà em maio de 2019. Com a posse do presidente municipal do PSDB como secretário, Ademir Santana retorna ao cargo de vereador. Ele alega inocência e atribui à acusação o fato de não ter sido reeleito.
Por outro lado, Sérgio de Paula dá a volta por cima com a recriação da Casa Civil. Ele deixou o cargo em março de 2017 com a extinção da pasta em meio aos boatos de que haveria gravação de suposto pagamento de propina. O caso acabou vindo a tona em maio do mesmo ano, quando o Fantástico, programa da TV Globo exibiu empresários entregando dinheiro ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, em troca da manutenção de incentivos fiscais pelo Governo do Estado.
No entanto, em outubro de 2018, o Superior Tribunal de Justiça considerou a denúncia improcedente e inocentou Reinaldo de integrar o esquema. Apesar da corte ter enviado o inquérito contra os demais para a primeira instância da Justiça, nunca mais se ouviu falar do escândalo propagado pela TV Globo.
Sérgio de Paula foi alvo de duas ações de improbidade administrativa. Ele fez acordo com o Ministério Público Estadual e conseguiu se livrar das duas. Para arquivar a ação pelo uso de avião para ir no velório e missa de 7º dia do pai, ele pagou R$ 32.012,53. Já para se livrar da denúncia de pagamento de salário de R$ 4,1 mil ao empresário Bruno Gattas Fabi, filho do ex-deputado Sandro Fabi, que era funcionário fantasma da Casa Civil, concordou em pagar R$ 42,1 mil em dez vezes e multa de R$ 21 mil.
Com a ficha limpa, Sérgio reassume a Casa Civil para tirar poder do presidente regional do Podemos, Sérgio Murilo, nomeado secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica. Ele assumiu a pasta com nomeação de Eduardo Riedel para a Secretaria Estadual de Infraestrutura.
Murilo vinha trabalhando para fortalecer o seu partido. Em entrevista ao Correio do Estado, ele anunciou que os irmãos Rose Modesto, deputada federal, e Professor Rinaldo, estadual, irão trocar o PSDB pelo Podemos em março de 2022, quando será aberta a janela partidária.
Na prática, como Riedel é o candidato a governador pelo PSDB, o titular da Segov acabou se tornando um inimigo íntimo do tucano. Reinaldo já havia tomado medidas para reduzir o poder do novo secretário. A Segov perdeu status de supersecretaria. Agora, ele vai dividir a articulação política com Sérgio de Paula.
O Podemos pode indicar Rose Modesto para ser candidata a vice-governadora na chapa de Eduardo Riedel em 2022. Como ela já foi companheira de chapa de Reinaldo em 2014, a deputada pode sonhar mais alto e dar o bote se lançando ao Governo, considerando-se o cenário em que não há favoritos e ela lidera as sondagens divulgadas até o momento ao lado de André Puccinelli (MDB).
Sérgio de Paula vai comandar as articulações visando garantir aos tucanos o terceiro mandato consecutivo na Governadoria. Acusado de receber R$ 67,791 milhões de propinas da JBS, Reinaldo pode ser candidato a deputado federal ou senador para garantir o foro privilegiado em Brasília.