Insuflados por Jair Bolsonaro (sem partido), cerca de 300 veículos participaram de carreata para comemorar os 57 anos do golpe militar, que levou à instauração de duas décadas de ditadura no Brasil. Após percorrer as avenidas Afonso Pena e Duque de Caxias, o grupo fez ato de apoio ao presidente da República e às Forças Armadas no Comando Militar do Oeste.
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Parte dos participantes defendem a volta da ditadura militar para “livrar o Brasil do comunismo”, apesar do regime ser inconstitucional e ir contra todas as convenções internacionais. Organizada pelos movimentos Pátria Livre e QG Voluntários do Bolsonaro em MS, a manifestação foi pacífica e contou com o apoio da Polícia Militar, que acompanhou o percurso entre o Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e o CMO.
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Com bandeira do Brasil e vestidos de verde e amarelo, os manifestantes entoaram gritos de apoio ao Exército Brasileiro. Uma das frases no carro de som deixava clara o motivo da celebração: “salve 31 de março quando o Exército brasileiro nos livrou do comunismo”.
Integrante do QG Voluntários do Bolsonaro, Júlio Nunes foi na mesma linha e não usou a palavra golpe. “(Estamos) comemorando a contra revolução de 1964, aonde o exército Brasileiro salvou o povo Brasileiro do caminho ao comunismo que o País estava caminhando”, afirmou. Ele estimou a participação em mais ou menos 300 veículos.
Os manifestantes se juntaram ao grupo que está acampado em frente ao CMO para protestar contra o lockdown em Campo Grande. Eles condenam a antecipação dos feriados pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) e das medidas restritivas adotadas pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para combater à pandemia da covid-19.
A comemoração do golpe de 1964 foi incentivada por Bolsonaro, pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e pelo novo ministro da Defesa, general Walter Braga Neto. Os militares derrubaram o governo de João Goulart (PTB), democraticamente eleito em 1961, com o pretexto de livrar o Brasil do comunismo. A ditadura militar durou 21 anos e só acabou em 1985 com a posse do presidente José Sarney.
O regime foi marcado pela substituição da Constituição de 1946 pela de 1967, o Congresso Nacional foi dissolvido, as liberdades civis foram suprimidas, opositores foram torturados e mortos.
A celebração do golpe de 1964 foi duramente criticada pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul e coordenador da Frente Jornalistas pela Democracia, Valter Gonçalves. “Nesse dia (31 de março) devemos reverenciar os brasileiros e brasileiras que lutaram o bom combate, foram presos, torturados, mortos, exilados e lutaram pela redemocratização do País. Eles são nossos heróis”, ressaltou.
Para Gonçalves, os militares estabeleceram, ao dar o golpe de Estado há 57 anos, tempos obscuros. “É preciso o envolvimento de todos para salvar nossa democracia, a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, justiça social, estado democrático de direito. A democracia é que devemos salvar”, concluiu.