A ex-administradora do Hospital do Câncer Alfredo Abrão, Betina Moraes Siufi Hilgert, usou nota fiscal frisa para desviar R$ 10 mil da instituição em 2013. Esta é uma das denúncias decorrente da Operação Sangue Frio, deflagrada há oito anos, e que acabou sendo transferida após cinco anos da 5ª Vara Federal para a Justiça estadual.
[adrotate group=”3″]
No mês passado, o promotor Marcus Vinícius Tieppo Rodrigues ratificou a denúncia por peculato contra a filha do médico Adalberto Siufi e o então tesoureiro do HC, Márcio Ricardo Coutinho. Ele pediu que a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal, valide o recebimento da denúncia, os depoimentos das testemunhas e interrogatórios dos réus feito pelo juiz Dalton Kita Conrado, da 5ª Vara Federal de Campo Grande.
Veja mais:
Prescrição “salva” 4 servidores e um é demitido cerca de seis anos após a Sangue Frio
Com Sangue Frio impune há cinco anos, PF investiga “máfia” pelo desvio de R$ 3,2 mi do HU e HR
Vítima de morte misteriosa em sauna, ex-diretor do HU era réu em nove ações na Sangue Frio
“O Ministério Público Estadual ratifica in totum a denúncia ofertada pelo Ministério Público Federal em face de BETINA MORAES SIUFI HILGERT e MÁRCIO RICARDO COUTINHO, imputando-lhes a prática crime tipificado no artigo 312 do Código Penal. Vindica, ainda, sejam ratificados por este douto Juízo Estadual todos os atos probatórios e decisórios proferidos pelo Juízo Federal, julgando procedente a presente Ação Penal”, afirmou o promotor.
A denúncia foi recebida pela Justiça Federal no dia 1º de abril de 2016. O processo mudou de instância devido à decisão do Tribunal de Contas da União, que concluiu não ter dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde) no desvio. Então, o magistrado declinou competência para a Justiça estadual.
O MPF recorreu contra a decisão, mas o pedido foi negado pelo desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. A 5ª Turma da corte manteve a decisão do magistrado por unanimidade.
Conforme a denúncia do MPF, Betina determinou que Márcio Coutinho pagasse R$ 10 mil para um pintor. O cheque foi entregue para M.A. da S., que o descontou no banco e devolveu o dinheiro para a então administradora do Hospital do Câncer.
Em depoimento à Justiça, o pintor e funcionários do HC confirmaram que o serviço de pintura nunca foi executado e a nota fiscal era fria. Para agilizar o julgamento, a procuradoria denunciou Betina e o ex-tesoureiro por peculato.
Em despacho publicado na segunda-feira (8), a juíza May Melke determinou a intimação dos réus para se manifestarem sobre a chegada dos autos da Justiça Federal e da manifestação do MPE.
Esta é a única denúncia contra a ex-administradora do HC que não tramita em sigilo na Justiça. Acometida por um grave problema de saúde, Betina ingressou com ação judicial no início do ano passado para obrigar a prefeitura e o Governo do Estado a comprar um medicamento no exterior, que custa R$ 13,3 mil a caixa com 56 comprimidos. Em tratamento no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, ela precisava tomar dois comprimidos por dia.
No mês passado, conforme nova petição à Justiça, houve a troca do medicamento e ela desistiu do medicamento.
A herdeira de Siufi ficou famosa em reportagem da TV Globo em que negava medicamento caríssimo a um paciente de câncer.