O presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Brito Ribeiro, recebeu normalmente os salários apesar de ter faltado a 873 plantões na Santa Casa de Campo Grande. Só que uma manobra supostamente ilegal, feita há quatro anos, que converteu a pena de demissão em exoneração a pedido, livrou o médico campo-grandense de virar “ficha suja” e viabilizou a sua candidatura ao comando do órgão responsável pela fiscalização ética dos profissionais em todo o País.
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A revelação foi feita pelo jornal O Estado de São Paulo após o escândalo ser descoberto pelo promotor do Patrimônio Público, Humberto Lapa Ferri. No dia 5 deste mês, ele pediu para a Prefeitura de Campo Grande corrigir o erro e republicar o decreto demitindo o presidente do CFM por abandono de cargo.
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De acordo com a denúncia, 10 médicos foram alvos de sindicância. A comissão disciplinar concluiu que todos deveriam ser demitidos por abandono de cargo. No entanto, conforme o corregedor-geral do município, Arlindo Fernandes de Paiva Neto, Mauro Ribeiro se beneficiou da mudança e acabou sendo exonerado “a pedido” em 18 de outubro de 2016, na gestão de Alcides Bernal (PP).
Segundo Ferri, caso tivesse sido demitido por abandono de cargo, Ribeiro não poderia concorrer ao cargo de presidente do CFM. A falta aos plantões entre junho de 2013 e outubro de 2015 causou prejuízo de R$ 72 mil aos cofres públicos. No total, os 10 médicos teriam recebido irregularmente R$ 1,9 milhão.
De acordo com o jornal paulista, o MPE pede a investigação de Ribeiro por obtenção de outros recursos de forma ilícita, que inclui o cargo de primeiro vice-presidente e como presidente do CFM. Entre 2015 e 2019, ele teria recebido R$ 1,614 milhão em diárias e R$ 878,4 mil em passagens aéreas.
A ausência do médico nos plantões é grave, porque ocorreram em momento que houve falta de médicos na rede pública de saúde e a falta de recursos é um problema crônico. No período, os médicos da Capital chegaram a fazer greve por reajuste salarial e até sofreram com o atraso no pagamento dos salários, período abrangido pelos mandatos de Bernal e Gilmar Olarte (sem partido).
Em nota ao jornal o Estado de São Paulo, o médico disse que só vai se manifestar diante das autoridades competentes.
A Prefeitura de Campo Grande, respondeu que na época das denúncias foi aberto um processo administrativo interno e deliberado pelo ressarcimento de pagamento indevido feito ao servidor no período de 1º de junho de 2013 a 1º de outubro de 2015 no valor de R$ 76.601,45, sendo descontado em 76 parcelas mensais de R$ 1.007,91.