Manobra do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) rachou o DEM, partido do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e implodiu o sonho do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, de disputar a presidência da República. Ele corre risco de ficar sem espaço até para disputar a sucessão de Reinaldo Azambuja (PSDB) no próximo ano.
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Sem opção, Mandetta pode ser obrigado a acompanhar Maia no PSDB e ser coadjuvante da candidatura do governador de São Paulo, João Doria. O tucano trabalha para expulsar o ex-senador Aécio Neves do ninho, réu em diversas ações de corrupção no Supremo Tribunal Federal, e tirar todos os parlamentares do PSDB ligados a Bolsonaro.
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A filiação de Mandetta ao PSDB faz parte dos planos de Doria, conforme revelou nesta segunda-feira (8) o portal UOL, da Folha de São Paulo. A eventual migração do ex-ministro para o ninho tucano o deixaria sem espaço para disputar um cargo majoritário em 2022.
O PSDB bateu o martelo para lançar a candidatura a governador do secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel. O pecuarista e ex-presidente da Famasul deve até trocar de pasta para ganhar viabilidade eleitoral. Os tucanos planejam transferi-lo para a Secretaria de Infraestrutura, no lugar do vice-governador Murilo Zuaith (DEM), que virou desafeto de Reinaldo.
Riedel vai para o cargo que deu projeção eleitoral para o Delcídio do Amaral. Ele conseguiu se eleger senador pelo PT em 2002 apesar de ser desconhecido no Estado. O empresário Marcelo Miglioli quase repetiu a trajetória, mas esbarrou no apoio do governador ao ex-prefeito Nelsinho Trad (PSD) e na surpresa das urnas, Soraia Thrniecke (PSL), embalada pela onda bolsonarista.
Sem espaço para ser o candidato a governador, Mandetta teria a opção de disputar o Senado. A única vaga em disputa será a de Simone Tebet (MDB), enfraquecida após perder a disputa pela presidência do Senado para Rodrigo Pacheco (DEM). No entanto, o governador poderá tentar a vaga, caso avalie que a sua popularidade continua intacta apesar da Operação Vostok.
O ex-ministro da Saúde já foi claro em várias ocasiões que não pensa em voltar para a Câmara dos Deputados. Ele nem chegou a disputar a reeleição em 2018.
A opção de disputar o Governo do Estado pelo DEM vai ficar complicado caso o partido decida apoiar a reeleição de Bolsonaro. Dois democratas são cotados para a vaga de vice, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ex-prefeito de Salvador e presidente nacional da sigla, Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto.
Apesar de pontuar nas pesquisas para a presidência da República, Mandetta não era cotado nem para ser candidato no grupo de Maia. Em entrevista aos jornais Valor e Folha de São Paulo, o ex-presidente da Câmara revelou que o candidato seria o apresentador da TV Globo, Luciano Huck, que usa a emissora da família Marinho para se projetar nacionalmente, uma espécie de horário eleitoral fora de época.
Caso Mandetta decida se filiar ao PSDB, o partido já conta com três pré-candidatos: Doria, Huck e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Eles foram citados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, uma espécie de guru tucano, pelo próprio Doria e pelo senador Tasso Jeressaiti.
A crise no DEM começou com a manobra de Bolsonaro, que trocou emendas pelo apoio à candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, de Arthur Lira (PP). Ele acabou obtendo o apoio da maior parte dos democratas no legislativo.
Com a estratégia, o presidente da República impôs uma derrota acachapante a Rodrigo Maia, seu desafeto, e inviabilizou Mandetta, que vinha mantendo a postura de oposição da Bolsonaro.
A última opção do ex-ministro da Saúde poderia ser o PSD, mas a sigla já conta com candidato natural ao Governo. Nelsinho Trad vem trabalhando diuturnamente pela candidatura. Em caso de desistência, o partido ainda conta com o prefeito Marquinhos Trad (PSD), que venceu a eleição no primeiro turno sem o apoio dos caciques.
O sonho de Mandetta virar presidente, por enquanto, não durou um verão. Pelo menos, no atual momento, a candidatura naufragou.