A senadora Simone Tebet (MDB) afirmou, em entrevista a diversos veículos nacionais, que não há a mínima chance prosperar o impeachment contra Jair Bolsonaro (sem partido). Após subir o tom contra o presidente, o qual chamou de “machista” e de ter “arroubos autoritários”, ela decidiu enviar recado aos seus aliados na esperança de conquistar votos na disputa pela presidência do Senado.
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Apesar das carreatas de integrantes da esquerda e da direita a favor do impeachment, a emedebista não vê clima para o afastamento do presidente da República. “Neste momento, o impeachment não tende a prosperar”, afirmou, conforme O Estado de Minas. A mesma avaliação foi feita aos jornais Folha de São Paulo, Estadão, O Globo, Congresso em Foco e Universa do Uol.
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“Como jurista, eu sempre me guio pela Constituição, a nossa democracia depende disso, e eu preciso dizer que o impeachment, mais do que um processo jurídico, é um processo político”, explicou ao Congresso em Foco. “Um processo dentro do Congresso Nacional, antes de jurídico, é um processo político. Se há, ou não, um crime de responsabilidade, o tempo vai dizer e deve ser investigado. Antes há uma preliminar muito importante a ser levada em conta, que é o fato de sermos uma casa política, e depender de um dos elementos fundamentais para o início de um processo de impeachment: a vontade popular”, afirmou.
“Hoje as pesquisas mostram que a maioria da população não fala em impeachment e não quer o impeachment, isso é claro que é analisado pelo Congresso Nacional. Como nós estamos falando de um processo que se inicia na Câmara, e não é um dever da Câmara, é um querer, depende, antes de mais nada, que a Câmara se pronuncie a respeito antes do Senado Federal. É uma decisão coletiva que está sendo discutida, mas que neste momento não tem viabilidade”, disse.
Conforme pesquisa do Datafolha, 53% dos brasileiros são contra e 42% apoiam o impeachment de Bolsonaro. Já levantamento do Atlas Político, do El País, 53,6% apoiam o afastamento do presidente da República, enquanto 41,5% são contra. A aprovação ao impeachment é maior entre as mulheres (54%), jovens de 16 a 24 anos (65%), eleitores com nível superior (61%), mais ricos (63%) e Nordeste (62%). A maior parte contrária é formada por homens (51%), eleitores com ensino fundamental e médio (45%), evangélicos (61%) e moradores do Sudeste (45%).
“É importante mencionar que as ruas estão nervosas e o debate está sendo contaminado em função da pandemia do novo coronavírus. A maioria da população entende que a pandemia está fora de controle, a maioria também está angustiada pela falta de insumos para a fabricação da vacina, e também teme que o colapso no Sistema de Saúde que aconteceu em Manaus cheguem em suas cidades e estados, então há uma contaminação desse processo. Isso precisa ser colocado no radar, e a classe política também coloca”, explicou Simone.
“Porém, por isso, eu observo, até por parte de alguns colegas de oposição, que está fora do radar iniciar qualquer tentativa de impeachment na Câmara dos Deputados. Esse processo inicia na Câmara dos Deputados e só posteriormente vai para o Senado Federal. É importante colocar, como agente política, que eu não estou conseguindo visualizar, neste momento, qualquer possibilidade de um processo de impeachment se iniciar na Câmara”, concluiu.
Além de uma rodada de entrevistas com sites e jornais nacionais, a sul-mato-grossense divulgou uma carta com as prioridades. Ela quer instituir o Colégio de Líderes para definir a pauta do Senado, aprovar a Reforma Tributária e priorizar o plano nacional de vacinação contra a covid-19.
No placar atual, Rodrigo Pacheco (DEM), candidato com o apoio de Bolsonaro e Davi Alcolumbre (DEM), tem 47 votos, contra 29 de Simone. A eleição será no dia 1º de fevereiro e o vencedor precisa de 41 votos.
Simone sonha em repetir a trajetória do pai, Ramez Tebet (MDB), que presidiu o Congresso Nacional de 2001 a 2003. No entanto, caso não vença a disputa, ela estará em apuros para garantir o próprio mandato, em 2022, quando a única vaga em disputa pode contar com adversários pesos-pesados, como a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM), o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), o juiz aposentado Odilon de Oliveira (sem partido) e o procurador de Justiça Sérgio Harfouche.