A prefeita temporária de Sidrolândia, Vanda Cristina Camilo (PP) admitiu que foi “erro” a nomeação de parentes e anunciou a anulação da contratação da cunhada e dois sobrinhos. No entanto, o nepotismo voltou a virar praga na política sul-mato-grossense. Em Aparecida do Taboado, eleito com o discurso de nova política, o prefeito José Natan de Paula (Podemos) presenteou o pai com o cargo de secretário municipal e salário mensal de R$ 9,1 mil.
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Primeira prefeita a comandar Sidrolândia, Vanda fez história após a Justiça Eleitoral cassar Daltro Fiúza (MDB), eleito prefeito, mas impedido de assumir por ser ficha suja. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral decide se dá posse ao emedebista ou convoca novas eleições, a progressista decidiu dar cargos aos familiares na gestão provisória.
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Em entrevista ao site Região News (veja aqui), ela reconheceu o “equívoco”. “O nepotismo é uma prática proibida pela legislação e eticamente rejeitada pela sociedade”, afirmou. “Não tenho compromisso com o erro, quero fazer o melhor para a minha cidade. Vou cumprir estritamente a lei e sobretudo, preservar valores como transparência e adotar práticas republicanas na condução do município”, prometeu a vereadora mais votada, que poderá disputar a reeleição como prefeito caso ocorram novas eleições na cidade de 59,2 mil habitantes.
“A nomeação de parentes foi um erro. Já convoquei a equipe técnica e ordenei que fosse (?) revogada todas as nomeações com efeito retroativo”, prometeu. Com a decisão, a sobrinha Ana Cristina de Souza Camilo perde o cargo de assessora especial de apoio administrativo e sobrinho, Felipe Azevedo Diniz, deixa de ser coordenador executivo de Órgãos Colegiados. A cunhada Ione Almeida de Azevedo perde a função de chefe da Divisão de Desenvolvimento de Micro e Pequena Empresa e do Microempreendedor Individual.
De acordo com o Região News, dos 11 secretários municipais, seis são funcionários de carreira da prefeitura de Sidrolândia.
Apesar dos esforços da sociedade sul-mato-grossense em evoluir, a classe política decidiu retomar a prática do nepotismo no século XXI. Em Aparecida do Taboado, Natan de Paula nomeou o pai, Fátimo Aparecido Barbosa Dias como secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Meio Ambiente, conforme o Midiamax.
O patriarca vai ter salário de R$ 9,1 mil por mês. Conforme moradores da cidade, eleito com o discurso de sepultar a velha política, José Natan recorreu a live no Facebook para anunciar o secretariado, mas omitiu o nome do pai. A população tomou conhecimento pelo Diário Oficial.
O prefeito de Aparecida do Taboado é do Podemos, partido que tenta se notabilizar nacionalmente como crítica da corrupção e defensor de novos valores na política brasileira. Em Mato Grosso do Sul, a sigla tem o apoio velado da deputada federal Rose Modesto (PSDB).
Aliás, os tucanos também seguem o modelo da família em primeiro lugar. O prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes (PSDB), nomeou a esposa, Amanda Cristiane Balancieri Iunes e o irmão, Eduardo Aguilar Iunes, como secretários municipais. Ela continua como secretária de Assistência Social e Cidadania. Já ele ficou com a Secretaria de Governo.
No final dos anos 90, a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) transformou em escândalo nacional a nomeação de parentes pelo então governador Zeca do PT. Atualmente, as nomeações de parentes não parecem incomodar a entidade nem parte da sociedade.
A gestão pública só deve evoluir quando a meritocracia virar prática e não ficar restrita ao palanque.