A cesta básica fechou com alta de 28,08% em 2020 em Campo Grande, o 3º maior índice entre as capitais pesquisadas pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O encarecimento espetacular de alimentos básicos – como carne, arroz, óleo de soja, batata, banana e tomate – castigaram o consumidor campo-grandense. Enquanto alguns produtos subiram até 108,7%, o salário mínimo teve reajuste de apenas 5,2%.
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A disparada no preço dos alimentos, apontada como a maior desde a implantação do Plano Real em 1994, deve continuar em 2021. Conforme a economista Andréia Ferreira, supervisora técnica do escritório do departamento em MS, a situação vai demorar para normalizar. “Infelizmente, não tem previsão de queda não”, afirmou. O principal motivo é a pandemia da covid-19.
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De acordo com o DIEESE, apesar da redução de 2,14% no preço em dezembro passado em relação a novembro, a cesta básica acumulou aumento de 28,08% em 2020. Esse aumento só ficou atrás de Salvador (BA), com 32,81%, e de Aracaju (SE), com 28,75%. O menor aumento foi registrado em Curitiba (PR), de 17,76%.
A cesta básica custa R$ 576,48 na Capital sul-mato-grossense, o 7º maior valor cobrado no País. Em relação ao menor valor, de R$ 453,36, praticado em Aracajú, o campo-grandense paga 27% mais caro. Em Curitiba, o valor é de R$ 540,36. O maior preço foi registrado em São Paulo, R$ 631,26.
Conforme o levantamento, o maior aumento ocorreu no preço do óleo, que disparou 108,7% nos supermercados da Capital. “A trajetória do preço médio do óleo de soja foi de alta ao longo de 2020; e, entre dezembro de 2019 e dezembro de 2020, todas as capitais tiveram aumento nos preços. O Brasil exportou um elevado volume de soja e derivados, devido ao real desvalorizado em relação ao dólar e à forte demanda externa”, pontuou o DIEESE.
O arroz teve aumento de 85,09%. Apesar das medidas adotadas pelo Governo federal, como suspender a tarifa de importação do grão, o preço continua não só assustando, como exigindo sacrifícios do consumidor. O aumento do arroz em Campo Grande só ficou atrás dos índices de Porto Alegre (90,78%) e Fortaleza (88%).
“O arroz agulhinha também foi ‘vilão’ em 2020 e a alta de preço passou a ser mais intensa após abril desse ano. Os motivos que se destacaram foram a desvalorização do real frente ao dólar, que aumentou o custo de produção e elevou o volume de grão exportado; a diminuição da área plantada nos últimos anos; e, o abandono da política de estoques reguladores por parte do governo”, destacou a economista.
Apesar de Mato Grosso do Sul ser um dos maiores produtores do País, a carne bovina teve aumento de 25,51% no ano passado, o 3º maior reajuste entre as capitais pesquisadas pelo DIEESE. O consumidor viu a carne de segunda disparar. O quilo da costela a R$ 10 ficou no passado distante. A picanha chegou a ser cotada a R$ 88 na Capital em 2020.
“O preço médio da carne bovina de primeira registrou alta em todas as capitais, por diversos motivos: intenso ritmo de exportação, principalmente para a China; baixa disponibilidade de boi gordo no pasto; elevação nos preços de importantes insumos pecuários importados; e aumento no valor dos insumos de alimentação, como o milho e o farelo de soja”, destacou a analista.
“O leite UHT e a manteiga tiveram aumento de preços em todas as cidades. Na maior parte do ano, foram verificados baixos estoques nacionais de leite no campo e custos elevados de produção, principalmente de insumos como soja e milho; além de problemas climáticos, como chuvas irregulares e secas extremas”, ressaltou. O litro teve aumento de 24%.
Também tiveram altas expressivas no ano passado, a banana (49,67%), o tomate (46,83%), o feijão (38,84%) e açúcar (25,53%).
De acordo com o DIEESE, o trabalhador campo-grandense compromete 59,64% do salário mínimo com a cesta básica. O custo para uma família de quatro pessoas foi de R$ 1.729,44 por mês.