Com o orgulho ferido pela derrota em Dourados, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) exonerou, nesta sexta-feira (20), dois assessores diretos do secretário estadual de Infraestrutura, o vice-governador Murilo Zauith (DEM), e o coordenador do Aquário do Pantanal, Gamaliel de Oliveira Jurumenha. As demissões seriam retaliação pelo grupo ter participado da reunião com o prefeito eleito da cidade, Alan Guedes (Progressistas).
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O Jacaré apurou que as demissões não teriam sido comunicadas ao vice-governador, que tomou conhecimento pelo Diário Oficial. Outros nomes ligados ao democrata poderão ser exonerados. Um cacique tucano teria enviado recado de que os decretos de hoje seriam apenas o começo.
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Na semana passada, o presidente regional do PSDB, Sérgio de Paula, teria dito a aliados que o deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha (DEM), seria o novo prefeito de Dourados. Ele liderava o chapão articulado pelo tucano, que incluiu a desistência do favorito Marçal Filho (PSDB) e de graúdos, como o deputado estadual Renato Câmara (MDB) e Délia Razuk (PTB).
Na véspera da eleição, institutos de pesquisa divulgaram sondagens apontando a eleição de Barbosinha com mais de 15 pontos de diferença. No entanto, com a abertura das urnas, Alan Guedes, que deixou o DEM na abertura da janela partidária, sagrou-se como novo prefeito de Dourados.
Murilo fez campanha para o companheiro de partido e subiu no palanque junto com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. No entanto, passada a eleição, ele decidiu demonstrar apoio a Guedes. Ontem, o secretário de Infraestrutura se reuniu com o prefeito eleito e os novos vereadores, onde anunciou pacote de R$ 300 milhões para Dourados.
“Parabéns a todos, em especial às mulheres eleitas. Agora viramos a página, acabou a eleição, vamos tocar a vida e nos unir para trabalhar por Dourados. Queremos caminhar juntos, sou parceiro representando o Governo do Estado. Temos que aproveitar esse momento e fazer os projetos juntos para a cidade”, garantiu, em reunião na quinta-feira.
Murilo destacou investimentos de R$ 300 milhões em Dourados e prometeu ajudar o novo prefeito da segunda maior cidade do Estado. Entre os principais projetos está a conclusão do Hospital Regional de Dourados, que começou na gestão de André Puccinelli (MDB), mas foi suspenso por Reinaldo e retomado novamente.
O gesto não foi bem recebido pelo primeiro secretário da Assembleia Legislativa, Zé Teixeira (DEM), que já não tinha recebido a candidatura de Alan Guedes. O democrata ficou ainda mais enfurecido com a derrota. E parece não ter sido o único “chateado” com a virada em Dourados.
A retaliação começou com as demissões dos assessores Sebastião de Almeida Filho, o Tião, que era responsável pela intermediação com prefeitos e vereadores; José Jorge Filho, coordenador regional da Agesul em Dourados; e Gamaliel Jurumenha, coordenador do Aquário do Pantanal.
Reinaldo exonerou o engenheiro que vinha viabilizando a conclusão da emblemática obra do Aquário do Pantanal, seguindo as recomendações da Justiça, de realizar licitação, e acabar com o monumento do desperdício do dinheiro público. O Governo não nomeou os substitutos dos três assessores ligadas a Murilo.
Os próximos passos de Reinaldo devem sinalizar a sua articulação visando 2022, quando pretende ser candidato a senador ou deputado federal para manter o foro privilegiado. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal no Superior Tribunal de Justiça por chefiar organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.