O PSDB perdeu o controle de dez prefeituras, mas manteve a hegemonia ao sair vitorioso em 37 dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul. O partido tem mais que o dobro de municípios do DEM, vitorioso em 14, e cinco vezes mais que o MDB, principal concorrente na disputa de 2022, graças a estratégia de esconder o governador Reinaldo Azambuja da campanha eleitoral e não se importar com o histórico dos candidatos, que incluiu desde acusado de corrupção até condenado por tráfico internacional de drogas.
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Como parte do plano para lançar o secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, para o Governo e Reinaldo ao Senado, os tucanos mantiveram o controle de três dos cinco maiores colégios eleitorais e ainda retornaram ao comando de Maracaju após 16 anos.
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Ao fazer um balanço, a cúpula tucana e os jornais alinhados destacaram o crescimento do partido em relação a 2016, quando 36 prefeitos do PSDB foram eleitos no Estado. No entanto, o partido controlava 47 prefeituras após a ofensiva do atual presidente regional, Sérgio de Paula, de conquistar prefeitos de outras siglas.
Sem candidato próprio em Campo Grande, após ser encurralado pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), que acabou tendo o apoio tucano sem oferecer nada em troca, o PSDB encolheu na Capital. A bancada de oito vereadores foi reduzida para apenas três: João Rocha e João César Mattogrosso foram reeleitos e terão a companhia do Professor Juairi.
Os novos filiados do partido na Capital, como Ademir Santana, que foi alvo da 5ª fase da Operação Omertà, Enfermeira Cida Amaral e Júnior Longo, não foram reeleitos. Da velha guarda, Antônio Cruz e Dr. Lívio também vão ficar no caminho. Nem o novato, Claudinho Serra, queridinho da cúpula, teve êxito nas urnas.
Por outro lado, os tucanos tiveram sucesso em Corumbá, apesar duas operações contra a corrupção consecutivas da Polícia Federal contra a gestão do atual prefeito, Marcelo Iunes. Ele foi alvo da última, a quatro dias do pleito, já que foi deflagrada com autorização do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que apura desvios na saúde. O PSDB nem os eleitores de Corumbá se importaram com as denúncias e Iunes foi reeleito com 42,65% dos votos.
O PSDB também não se importou com a condenação por tráfico internacional de drogas do prefeito Alexandrino Garcia, de Aral Moreira. A sentença de quatro anos e oito meses de prisão no regime semiaberto foi mantida até pelo Superior Tribunal de Justiça. Os moradores de Aral Moreira o reconduziram para mais um mandato com 2.497 votos.
O PSDB garantiu o controle de Ponta Porã e Três Lagoas, com as reeleições, respectivamente, de Hélio Pelufo e Ângelo Guerreiro. O partido também reconquistou duas cidades de porte médio importantes para o agronegócio. Marcos Calderan (PSDB) foi eleito com mais de 50% dos votos em Maracaju, cidade que os tucanos não administravam desde que Reinaldo deixou o cargo de prefeito em 2004.
Outra cidade importante é Naviraí. O partido era favorito com o deputado estadual Onevan de Matos, que faleceu a dois dias do pleito. No entanto, a filha do parlamentar, a cirurgiã dentista Rhaiza Matos (PSDB), foi indicada no sábado e ganhou a eleição no domingo.
Na prática, ao comparar o resultado deste ano com 2016, o PSDB sofreu pouco com as medidas impopulares de Reinaldo, como o aumento de até 71% nas alíquotas do Fundersul e de 20% no ICMS sobre a gasolina. O governador ainda teve o desgaste de ser denunciado, em plena campanha, pela propina de R$ 67,7 milhões paga pela JBS ao Superior Tribunal de Justiça.
O DEM, de Luiz Henrique Mandetta, conquistou 14 prefeituras e ganha musculatura para sonhar com a candidatura a governador em 2022. A sigla ainda pode assumir o comando do Governo do Estado em duas situações. O primeiro pode ocorrer do eventual afastamento de Reinaldo do cargo pelo STJ. A segunda hipótese – e talvez a mais provável – será o afastamento de Reinaldo para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados ou à vaga de Simone Tebet (MDB) no Senado.
O MDB conquistou sete prefeituras, mas nenhum grande município. O partido de André Puccinelli perdeu o controle de Maracaju, mas reconquistou Rio Brilhante com Lucas Foroni (MDB).
O vexame emedebista foi pior porque, além de não reconquistar Corumbá com Paulo Duarte, perdeu o controle de Costa Rica, administrada pelo “melhor gestor do Brasil” Waldeli Rosa. O delegado Cléverson (PP) atropelou o favoritismo do candidato governista, Leandro Bortolazzi (MDB), na chegada e venceu por 194 votos.
O PP atropelou outro favoritíssimo. Alan Guedes derrotou o deputado estadual Barbosinha (DEM), lançada com a benção da cúpula tucana e das principais estrelas do DEM, como a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O PSD conquistou quatro prefeituras, incluindo Campo Grande, o maior colégio eleitoral, com a eleição de Marquinhos Trad no primeiro turno. O resultado fez o atual presidente da sigla, Nelsinho Trad, voltar a sonhar com o Governo em 2022. Ele ficou em terceiro na disputa em 2014, quando Reinaldo se elegeu pela primeira vez.
O PT e o PSL não elegeram nenhum prefeito, apesar de serem os partidos com mais recursos. O Podemos conquistou duas prefeituras e surpreendeu ao garantir a eleição de três vereadores na Capital.