Com aproximadamente R$ 100 milhões em dívidas e apenas uma farmácia em Campo Grande, a rede São Bento conseguiu o voto de confiança dos credores e está prestes a obter um milagre. Os sócios terão até 2 de fevereiro de 2021 para viabilizar o Recuperação Judicial do grupo e evitar a falência. O novo prazo foi aprovado na assembleia geral realizada na tarde desta terça-feira (27).
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Em recuperação judicial desde janeiro de 2015, quando a dívida era de R$ 73 milhões, a rede de farmácias fundada em 1948 não conseguiu quitar nenhum tostão e ainda fechou 90 das 91 unidades. Com apenas uma farmácia funcionando na Rua Ceará e após cinco anos de impasse, os sócios decidiram apostar em nova negociação com os 313 credores e colocaram imóveis particulares na mesa.
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A pandemia da covid-19 evitou a realização da reunião presencial e a assembleia ocorreu por meio virtual. Inicialmente prevista para março deste ano, o encontro dos credores ocorreu pela primeira vez no dia 29 de setembro deste ano. Estabelecido o quórum, a maioria dos credores sinalizou dar voto de confiança ao grupo e adiou o encerramento da assembleia geral para o dia 27 deste mês.
Ontem, em nova rodada de negociações, por maioria absoluta, os credores mantiveram o voto de confiança e deram o prazo de quatro meses para a empresa apresentar o plano de recuperação. A nova rodada está prevista para o dia 2 de fevereiro de 2021. O administrador judicial, Fernando Abrahão, confirmou que houve avanço nas negociações.
No pior cenário, a São Bento pode evitar a falência e ainda tem a oportunidade de renascer das cinzas. O grupo acumula dívida de R$ 31,264 milhões em tributos federais, estaduais e municipais.
Além disso, a dívida com os 313 credores totaliza R$ 68,918 milhões, sendo R$ 491,4 mil em dívidas trabalhistas, R$ 36,925 milhões com garantia real e R$ 31,472 milhões de quirografário (não tem prioridade).
A sinalização de acordo é outra reviravolta no Grupo Buanain, fundado em 1948 com uma farmácia na esquina das ruas 14 de Julho e Marechal Cândido Mariano Rondon, no Centro. Em março deste ano, a Dismart Distribuidora protocolou na Justiça o pedido de falência das empresas. Neste caso, o grupo encerraria as atividades e todos os bens iriam a leilão para quitar a dívida com os credores.
A São Bento chegou a ficar em situação delicada após a revelação de que os sócios retiraram mais de R$ 5 milhões dos caixas das farmácias sem quitar as dívidas, que estavam com o pagamento suspenso desde que a recuperação judicial foi aceita pela Justiça.
Além de sinalizar o pagamento das dívidas, a empresa vem se reestruturando com a adoção de novo modelo de gerenciamento e enxugamento dos gastos. A expectativa é retomar o projeto em meio a maior e mais acirrada concorrência na venda de medicamentos e perfumaria em Campo Grande.