Com o objetivo de lacrar as 400 barracas e acabar com o jogo do bicho em Campo Grande, a “mina de ouro” do empresário Jamil Name, o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) deflagrou, nesta quarta-feira (23), a Operação Black Cat, denominação da 4ª fase da Omertà. Prevista para amanhã, a operação vazou e acabou sendo improvisada com um terço do efetivo previsto.
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Inicialmente, os delegados, com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Batalhão de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais), pretendiam mobilizar 300 policiais. No entanto, houve o vazamento da operação e os operadores determinaram a suspensão da atividade por 10 dias para impedir a batida.
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A Operação Black Cat acabou contando com o apoio dos policiais civis das delegacias especializadas, como Defurv (furto e roubo de veículos), DPCA (Criança e Adolescente) e DEAIJ (Infância e Juventude). No primeiro dia, cerca de 20 apontadores foram encaminhados para prestar depoimento nas delegacias e mais de 50 barracas lacradas.
Os policiais vão continuar indo às ruas amanhã e sexta-feira para lacrar os locais de apostas do jogo do bicho, considerado contravenção penal. No entanto, o Garras recorreu à irregularidade administrativa, falta de alvará de funcionamento, para fechar as barracas. “Vamos fechar o jogo do bicho”, seria a determinação da Polícia Civil.
A operação acabou frustrando os negócios do grupo. De acordo com o jornal Midiamax, em decorrência da prisão do empresário Jamil Name, desde 27 de setembro do ano passado, a família estaria negociando a venda do jogo do bicho por R$ 60 milhões para um grupo do Rio de Janeiro.
A ofensiva policial não assustou os apontadores. Um dos levado ao Garras para prestar depoimento, conforme o Campo Grande, debochou da operação ao deixar a delegacia. “Não vai dar em nada”, teria dito o homem de 28 anos. “É contravenção penal né, todo mundo”, teria afirmado o comerciante.
Ao mirar o jogo do bicho, o Garras põe em risco uma das principais fontes de renda de Jamil Name, acusado de chefiar grupo de extermínio e réu na Justiça por corrupção passiva, organização criminosa, milícia privada e dois homicídios.
Durante audiência na Justiça, presidida pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, o octogenário propôs pagar de R$ 100 milhões a R$ 600 milhões para “ministro” tirá-lo da cadeia.
Em outro interrogatório, sobre a morte do estudante universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, Name teria dito que sustenta a cidade de Campo Grande. Ele disse que toda hora aparece um pedindo, de R$ 50 a R$ 100.
A denominação da operação de Black Cat faz referência ao “Gato Preto”, denominação do jogo do bicho comandado por Jamil Name na Capital. Não é a primeira vez que a contravenção é alvo de operação na Capital.
Em 2003, na Operação Xeque Mate, da Polícia Federal, o empresário chegou a ir até a Polícia Federal para prestar depoimento, mas acabou absolvido.
Agora, a luta do octogenário é deixar o Presídio Federal de Mossoró (RN), onde está detido desde 12 de outubro do ano passado. O prazo vence no dia 5 deste mês. A defesa quer trazer o empresário para Campo Grande. O MPE, Gaeco e Garras quer mantê-lo por mais três anos no sistema prisional federal.