Isolamento físico, higiene das mãos e proteção facial são as principais medidas para evitar a covid-19. Enquanto a vacina não vem, não há escolha. Agora, como proceder com a proteção facial das crianças? Depois de quase seis meses de pandemia, ainda há quem tenha dúvidas sobre como proceder.
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Os questionamentos foram respondidos pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que entrevistou uma especialista que explica as melhores formas de atuar com as crianças. A especialista ouvida pela Fiocruz é Alessandra Marins Pala, pediatra e infectologista.
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Dúvida: A partir de que idade é recomendada a utilização de máscaras em crianças?
Alessandra Marins Pala: Em princípio, o uso é para todos os maiores de dois anos, com exceção das crianças que usam chupetas. O acessório deve ser utilizado nas idas às consultas pediátricas e em locais onde há circulação de pessoas, lembrando que deve ser usado com cuidado e sob a supervisão de um adulto. Vale ressaltar que o ideal é que as crianças e os adolescentes fiquem em casa, evitando ambientes como: supermercados, farmácias entre outros em que haja trânsito de pessoas. Como as crianças costumam passar as mãos em vários objetos e as levam aos olhos, boca e nariz, é importante ensiná-las a não tocar essas regiões sem a devida higienização das mãos.
Dúvida: Com que idade a criança pode manipular a colocação e retirada da sua própria máscara?
Alessandra Marins Pala: A partir dos 6 anos a criança já poderá auxiliar neste procedimento, mas deve ser sempre monitorada por um adulto.
Dúvida: Como deve ser a adaptação das máscaras em crianças? Quanto tempo deve durar a sua permanência nesse período?
Alessandra Marins Pala: A máscara deve ser apresentada à criança de forma lúdica. A colocação e a retirada do acessório devem ser feitas em forma de brincadeira, criando jogos e desafios que as motivem. Podem ser utilizados brinquedos (bonecas/bonecos) da própria criança para ensinar o uso correto do acessório. Elas devem participar da escolha das máscaras, que podem ser decoradas com os seus personagens favoritos ou com motivos infantis que as agradem. Além disso, é importante que os adultos deem o exemplo, pois os pequenos aprendem através deles. Os adultos devem demonstrar alegria em colocar as máscaras e evitar reclamações. O seu uso pode ser comparado a higienização das mãos, como algo que se faz para se manter seguro. As falas devem ser adaptadas ao vocabulário e à faixa etária de cada criança. Por exemplo, o adulto pode explicar que existe um “bicho malvado” que “faz dodói” e que as máscaras são o “escudo de super-herói” que protege as pessoas contra ele.
Dúvida: É possível uma criança maior se sufocar com a máscara? Se isso acontecer, quais são os sinais de alerta e como ajudá-la?
Alessandra Marins Pala: Em crianças saudáveis maiores de dois anos o risco é muito pequeno, pois elas já têm coordenação motora e capacidade de reação que permite a elas retirar a máscara rapidamente, caso se sintam desconfortáveis. De qualquer forma, crianças abaixo dos seis anos não devem permanecer com máscara sem a supervisão de um adulto. Os sinais de sufocação são: dificuldade para respirar e cianose (lábios e extremidades dos dedos arroxeados). Caso isto ocorra, basta retirar a máscara que a criança voltará a respirar normalmente.
Dúvida: As máscaras caseiras são eficientes? Existe algum tecido específico para a sua confecção?
Alessandra Marins Pala: Pesquisas apontam que a utilização de máscaras caseiras impede a disseminação de gotículas expelidas do nariz ou da boca do usuário no ambiente, garantindo uma barreira física que auxilia na mudança de comportamento da população e diminuição de casos. Neste sentido, o Ministério da Saúde sugere que a população produza as próprias máscaras caseiras, utilizando tecidos que asseguram uma boa efetividade se forem bem desenhadas e higienizadas corretamente.
Os tecidos recomendados para utilização como máscara são, em ordem decrescente de capacidade de filtragem de partículas virais: tecido de saco de aspirador; cotton (composto de poliéster 55% e algodão 45%); tecido de algodão (como camisetas 100% algodão); e fronhas de tecido antimicrobiano. Devem ser evitados os tecidos que possam irritar a pele, como poliéster puro e outros sintéticos. Pode ser utilizado também o Tecido Não Tecido (TNT) sintético, cuja gramatura recomendada é de 20 a 40 g/m².
Para ser eficiente como barreira física, a máscara caseira precisa seguir algumas especificações simples. É preciso que tenha pelo menos duas camadas de tecido. Não precisa de especificações técnicas e uma recomendação de extrema importância: ela é de uso individual. Conforme recomenda a [Agência Nacional de Vigilância em Saúde] Anvisa, em documento recente, o importante é que a máscara seja feita nas medidas corretas e cubra totalmente a boca e o nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.
Dúvida: Como deve ser feita a sua higienização?
Alessandra Marins Pala: Ao chegar em casa, antes de retirar a máscara da criança, os pais/responsáveis devem higienizar as mãos de todos com água e sabão (de preferência líquido), detergente ou álcool em gel 70%, secando-as bem. As recomendações do Ministério da Saúde para a higienização das máscaras caseiras são: imersão da máscara em recipiente com água potável e água sanitária por 30 minutos (a proporção de diluição a ser utilizada é de 1 parte de água sanitária para 50 partes de água, por exemplo: 10 ml ou uma colher de sopa de água sanitária para 500ml de água potável); após o tempo de imersão, enxaguar em água corrente e lavar com água e sabão; após lavar a máscara, a pessoa deve higienizar as mãos com água e sabão; quando a máscara estiver seca, passar com ferro bem quente e acondicionar em saco plástico limpo; a máscara deve ser usada por, no máximo, duas horas e, quando estiver úmida ou visivelmente suja deve ser trocada imediatamente, independente do tempo de uso; caso a máscara caia no chão durante o uso, ela deverá ser substituída por outra limpa, imediatamente; é recomendado ter sempre máscaras de reserva na bolsa e, principalmente quando apresentar sinais de desgaste, deve ser inutilizada e nova máscara deve ser feita.
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Em dezembro de 2019, as autoridades de chinesas de informaram a OMS (Organização mundial de Saúde) sobre o surto de uma nova doença, que foi nomeada posteriormente de covid-19. Em 11 de março, a OMS anunciou que as infecções atingiam proporções epidêmicas. Os dados sobre casos e mortes são fornecidos pela Universidade Johns Hopkins, mas podem não representar a totalidade por conta da subnotificação registrada em muitos países, como o Brasil, que mudou a sistemática de divulgação dos indicadores relativos à covid-19.
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