A covid-19 fez até o fim deste dia 738.716 vítimas fatais. Esses são os dados oficiais, alimentados de maneira contínua pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que já contabiliza 20.177.521 infecções pelo novo coronavírus.
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Autoridades sanitárias de toda a parte do mundo que usa a ciência como baliza para a tomada de decisões concordam que apenas a vacina vai barrar o curso da pandemia e possibilitar a retomada da rotina, interrompida em um longínquo março de 2020. Foram iniciados 160 estudos e, uma vacina, finalmente, foi registrada, mas já entra em cena cheia de descrédito. Afinal, o registro foi feito pela Rússia. Questionamentos de toda a natureza foram colocados no tabuleiro geopolítico, nem mesmo a OMS validou o produto.
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Quem mais lamenta, e lamenta muito, o anúncio de Vladimir Putin é o “admirador” Donald Trump. Ninguém na Casa Branca admitiria, mas ele talvez tenha chorado lágrimas de cloroquina e alvejante ao ouvir o pronunciamento do antes companheiro de manobras.
Afinal, Trump prometera aos norte-americanos uma vacina ainda este ano, em uma data muito importante para os Estados Unidos e que caía, por coincidência, no dia das eleições. Seria uma forma de girar a manivela da preferência eleitoral em favor do mandato atual que é considerado desastroso, mas teria a chave a sobrevivência da humanidade. Putin não precisou de vacina para ganhar a eleição, mudou a Constituição e pronto, mas isso não pega bem na “América”.
Laranja de raiva, Trump, que não teve covid, sentiu o gosto do whisky aguado servido pelo russo invocadão. Também ficou um pouco mais sem graça a pesquisa alemã depois disso. Angela Merkel foi elogiada aos quatro ventos, manobrou umas muitas vezes o leme da União Europeia, mas com o anúncio russo só lhe restou assistir os apoiadores chamarem os antigos inimigos de oportunistas. Merkel também tem como aliados os franceses e italianos, desconfiados, mas sem deixar de manifestar uma esperança. Vai que, né? Pode ser que aqueles dois séculos de pesquisa com vacinas tenha algum benefício. Quem sabe?
Prevendo o brado ocidental relacionado à segurança da vacina, o presidente Wladmir Putin tomou uma atitude que surpreenderia os adversários, mas não o povo russo. Entre as pessoas que já tomaram a vacina está a filha do presidente, o que é um alegado atestado de segurança. Uma situação idêntica foi vivenciada em 1768, quando Catarina II resolveu usar a vacina contra a varíola e, como reforço, também imunizou o herdeiro do trono, na época com 14 anos.
Catarina II queria provar ao povo que a imunização contra a varíola era segura. Putin quer provar ao mundo isto, mesmo que signifique abrir a vida pessoal, algo que não lhe parece muito apreciado. Paulo I, filho único da imperatriz sobreviveu à vacina e não teve varíola, morreu foi por assassinato mesmo, mas essa é outra questão. Resta, na questão atual, torcer para que a filha de Putin sobreviva e, com ela, os demais voluntários à vacina russa.
Ao que parece, a filha do presidente parece bem viva. O que está na UTI é, mais uma vez, a verdade, já que não é dito pela OMS, pelas autoridades e imprensa ocidental que a Associação de Organizações de Pesquisa Clínica solicitou ao Ministério da Saúde da Rússia que só registrasse a vacina após a fase três de testes. Isso aconteceu um dia antes do registro e, entre as empresas que integram as organizações estão as gigantes farmacêuticas Pfizer, Bayer e Novartis.
As empresas alegam segurança e respeito ao protocolo científico. Os governos ocidentais reivindicam o posto de salvadores do mundo. Putin também o quer e, mesmo sendo um governante mais poderoso da direita europeia, não titubeia em usar um acontecimento da história da antiga União Soviética, aquela que foi comunista, e batizou a vacina de Sputnik V. Uma ironia para Trump, que ao perceber água no bourbon, talvez também perceba que no tabuleiro geopolítico é preciso saber jogar à frente, muito à frente.
O que é preciso saber sobre a vacina russa?
O nome é Sputnik V em homenagem ao primeiro satélite artificial construído pela antiga União Soviética e lançado em 1957. Antes de partir para os ensaios clínicos em humanos, a vacina russa foi testada em dois tipos diferentes de primatas. Os testes terminaram em 1º de agosto e os cientistas não relataram efeitos colaterais.
O produto já foi testado em 2 mil voluntários e, segundo os cientistas, produziu anticorpos e forte resposta imune celular. Após receber a vacina, nenhum dos participantes foi contaminado.
Agora que a vacina foi registrada, quais os próximos passos?
Segundo o governo russo, a fase 3 que antecede a produção em massa da vacina será realizada a partir de 12 de agosto nos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, México e Brasil.
Quando a produção começa?
A partir de setembro, a produção em massa começa e será destinada, em primeiro lugar, para a população russa. Serão vacinados, primeiramente, os profissionais de saúde e, em seguida, professores. Depois, o Ministério da Saúde vai promover a imunização em massa. A meta é produzir 200 milhões de doses até o fim de 2020.
Essa vacina será utilizada por outros países?
De acordo com o Ministério da Saúde russo, 20 países já manifestaram interesse no produto, entre eles o Brasil, os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, as Filipinas, a Índia, a Indonésia, e o México.