Apesar da pandemia do coronavírus estar a pleno vapor em Campo Grande, novo epicentro da doença em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado cogita desativar o hospital de campanha. A unidade construída por, no mínimo, R$ 1,7 milhão no pátio do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian não recebeu nenhum paciente com covid-19. Quem vai pagar a conta?
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Em live nesta quarta-feira (5), o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, anunciou a desativação do complexo com 144 leitos. A medida será adotada pela gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), mesmo com 92% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados na Capital.
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Devido ao risco de colapso no sistema de saúde campo-grandense, conforme alerta de órgãos do próprio Governo, a Defensoria Pública ingressou com pedido de liminar para a Justiça decretar lockdown de 14 dias na cidade. O juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, vai tomar a decisão: salvar vidas e levar a economia ao colapso ou garantir a atividade econômica e não impedir uma tragédia.
Em meio ao crescimento avassalador da pandemia na Capital, com 11.458 casos positivos e 152 mortes, surgiu a polêmica do hospital de campanha estar com 144 leitos vazios desde junho deste ano. A informação é da diretora-geral do HR, Rosana Leite Melo.
Contudo, mesmo mediante com o alerta de que a falta de leitos pode causar morte de pacientes com covid-19 em Campo Grande, o secretário de Saúde anunciou a desativação da unidade de retaguarda. Apesar de ter sido construído para combater a pandemia e não ter recebido nenhum infectado pelo coronavírus, Resende ressaltou que o hospital de campanha “cumpriu seu papel”.
Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro construíram hospitais de campanha que ajudaram a salvar vidas durante a pandemia. No entanto, Mato Grosso do Sul, comandado por Reinaldo Azambuja (PSDB), não preparou a unidade para receber doentes com covid-19.
Geraldo Resende explicou que isso não foi possível devido à complexidade dos casos, que exigiam profissionais altamente habilitados e equipamentos de última geração. Durante a construção do hospital de campanha, o secretário e Reinaldo exaltaram, mais de uma vez, que a unidade estava pronta para receber os pacientes com covid-19.
O Governo do Estado contratou a Ekobox Locações Eireli sem licitação para fornecer 36 contêineres para o hospital de campanha por R$ 1,243 milhão. Em junho, houve termo aditivo, que elevou o total devido à empresa para R$ 1,793 milhão, conforme o Portal da Transparência. Todo o dinheiro é proveniente do Fundo Estadual de Saúde e dos recursos destinados ao combate da covid-19.
A ativação dos 144 leitos poderia evitar o colapso no sistema de saúde de Campo Grande. Agora, a cidade se depara com o dilema de se decretar ou não lockdown – isolamento total, em que apenas o funcionamento dos serviços essenciais é permitido.
Reinaldo defende “apenas serviços essenciais”, mas diz que não é lockdown
Bombardeado por defender o lockdown em Campo Grande, o Governo do Estado decidiu excluir o termo do vocabulário. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o secretário estadual de Governo, Eduardo Riedel, defenderam a suspensão de todas as atividades, menos os serviços essenciais.
Na linguagem tucana sul-mato-grossense, Campo Grande está no grau extremo e deveria adotar medidas restritivas. Em live, Riedel diz que o ideal é manter apenas o funcionamento dos serviços essenciais. Ele explicou que mais de 70 atividades seriam permitidas.
O termo essencial ganhou ampla interpretação com o presidente da República, Jair Bolsonaro, que incluiu na leva desde lotéricas, lojas de construção civil, salões de beleza e até igreja. No entanto, o Supremo Tribunal Federal decidiu que os municípios e o Estado possuem autonomia para definir o que é essencial ou não.
Campo Grande está com restrições desde março desde ano. Cinemas, teatros e escolas continuam fechados. Bares e restaurantes podem funcionar até às 21h.