A defesa quer adiar novos interrogatórios de Jamil Name, 81 anos, acusado de chefiar grupo de extermínio, para evitar mais declarações polêmicas e comprometedoras. No entanto, o juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, negou o pedido e manteve o depoimento do poderosíssimo empresário sobre a execução do universitário Mateus Coutinho Xavier, 20 anos, morto a tiros no lugar do pai, o capitão da Polícia Militar, Paulo Roberto Teixeira Xavier.
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Os advogados já tinham conseguido adiar o primeiro interrogatório, que estava marcado para o dia 24 de junho deste ano. Na ocasião, o advogado Tiago Bunning alegou que não tinha conseguido comprar passagem para se deslocar até a Penitenciária Federal de Mossoró (RN), a 3.255 quilômetros da Capital. Na ocasião, o magistrado até cogitou desmembrar o processo para agilizar o julgamento, mas acabou suspendendo a decisão.
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Santos marcou o interrogatório dos supostos chefes da organização criminosa, Name e Jamil Name Filho para amanhã (29). Em despacho publicado ontem, ele manteve as oitivas, sendo que o filho fala às 13h30 e o pai, 16h.
A estratégia da defesa é postergar os interrogatórios até a instauração do processo de insanidade de Jamil Name. O pedido foi negado pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal. Na semana passada, o magistrado suspendeu o terceiro interrogatório do empresário, sobre obstrução de investigação de organização criminosa, a pedido dos advogados.
O temor dos defensores é mais declarações polêmicas do empresário. No domingo passado (26), ele ganhou espaço no Fantástico, da TV Globo, com as declarações polêmicas. Na primeira, diante do juiz e na audiência de instrução, ele ameaçou de morte um agente do Garras. Na segunda, o empresário ofereceu de R$ 100 milhões a R$ 600 milhões para um ministro tirá-lo da cadeia, onde está desde 27 de setembro do ano passado.
Para evitar o interrogatório do empresário sobre o assassinato de Mateus, Bunning elencou 15 motivos. Apesar de ter alegado para suspender o depoimento em junho, que não tinha comprado passagem aérea para se deslocar até o presídio potiguar, o advogado disse que a entrevista com o cliente não foi possível porque o presídio só permite contato dentro da unidade, mas mediante áudio de voz e vídeo. Ele também não gostou de que a entrevista seria gravada pelo Departamento Penitenciário Nacional.
Bunning apontou ainda 13 audiências marcadas até 15 de outubro deste ano, a falta de expectativa de retorno do júri popular por causa da pandemia e as oscilações de comportamento do empresário. No entendimento da defesa, ele estaria tendo “delírios” e sofrendo “debilidade psíquica”.
O juiz Aluizio Pereira dos Santos destacou que os advogados terão a oportunidade, antes da audiência, de conversar por tempo suficiente com o empresário antes do interrogatório. Ele até explicou que mantém o direito do empresário à ampla defesa e ajuda os advogados em decorrência da falta de voos para Natal.
O magistrado fez questão de destacar que não há provas nos autos de problemas psiquiátricos do empresário. Ele observou que a avaliação da equipe do presídio mostra o empresário em boas condições de saúde.
Enquanto a defesa vê delírio na ameaça e na propina de R$ 600 milhões, o delegado Fábio Peró, do Garras, em entrevista ao Fantástico, destacou que as declarações mostram a arrogância e o poder exercido por décadas pelo empresário.
A defesa poderá recorrer ao Tribunal de Justiça para suspender o depoimento. No entanto, o relator da Operação Omertà na corte, juiz Waldir Marques, tem se mostrado implacável com os réus presos.