Dono do maior salário entre os 79 prefeitos de Mato Grosso do Sul, o prefeito de Rio Brilhante, Donato Lopes da Silva (PSDB), vai receber de volta em parcela única neste mês o desconto de 50% por três meses em decorrência da pandemia da covid-19. Em decreto publicado na quinta-feira (23), ele determinou a devolução dos valores descontados de todos os ocupantes comissionados na folha a ser paga no dia 31 deste mês.
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Na prática, o decreto com desconto de 50% nos salários do prefeito e do vice-prefeito, Márcio Belone (PSDB) e de 20% nos valores pagos aos funcionários de confiança do tucano era só propaganda. Ou mudando o ditado popular, para o rio-brilhantense ver.
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Em plena pandemia, com 534 casos e quatro mortes confirmados no município, Donato decidiu ignorar a crise e pagar, em parcela única, os valores descontados nos meses de abril, maio e junho. Na época, ele seguiu exemplo de outros gestores, que não exigiram sacrifício apenas dos servidores, como corte de benefícios e suspensão do reajuste anual, e reduziram os próprios salários.
Em Campo Grande, a medida foi adotada pelo prefeito Marquinhos (Trad). Ele reduziu o próprio salário, da vice-prefeita Adriane Lopes (Patri) e dos secretários em 30%. Os comissionados tiveram corte de 30% no adicional de função.
Na quinta-feira, Donato Lopes publicou novo decreto, em que determinou ao Recursos Humanos da prefeitura a providenciar a devolução do dinheiro descontado dele, do vice e dos comissionados no salário deste mês. Ou seja, apesar da situação estar fora de controle no município, a crise não parece ter atingido os cofres municipais.
Atualmente, Donato recebe R$ 32.564,04 de salário, o maior salário entre os prefeitos sul-mato-grossenses pesquisados pelo O Jacaré. Com a devolução do valor reduzido nos últimos três meses, ele deverá receber R$ 81,4 mil em julho.
O tucano não precisa do subsídio como chefe do Poder Executivo. No 5º mandato de prefeito de Rio Brilhante, ele faz parte do seleto grupo de políticos milionários. Conforme a declaração de bens à Justiça Eleitoral nas eleições de 2016, Donato Lopes Silva tem patrimônio de R$ 8,812 milhões.
O problema é que 12,7 mil moradores de Rio Brilhante vivem praticamente na miséria, com renda per capita inferior a meio salário mínimo, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O subsídio de Donato supera o valor pago a 23 dos 27 governadores brasileiros. Enquanto ele ganha R$ 32,5 mil por mês, João Doria (PSDB), para administrar São Paulo, o estado mais populoso do País, recebe R$ 23 mil, enquanto Wilson Wiltzel (PSC), ganha R$ 19,8 mil para comandar o Rio de Janeiro.
O vice-prefeito de Rio Brilhante, Márcio Belone, ganha R$ 15.884,92 por mês e receberá, com a devolução dos valores descontados nos últimos três meses, 39,7 mil em julho. Para ser adjunto no município de 37 mil habitantes, ele ganha mais que a prefeita de Dourados, Délia Razuk (PTB), que recebe R$ 13,8 mil para administrar a segunda maior cidade do Estado e com mais de 200 mil habitantes.
Donato exemplifica bem a política brasileira: os políticos vivem no paraíso, enquanto o povo sobrevive com as sobras. Enquanto isso não mudar, o Brasil não será desenvolvido.