Sem a adoção do lockdown sugerido por médicos e especialistas, a pandemia explodiu em Campo Grande, com a confirmação de 928 diagnósticos positivos e seis mortes. Boletim divulgado nesta quarta-feira (22) aponta que Mato Grosso do Sul bateu recorde assustador, com 1.503 novos casos de covid-19 em 24 horas, com o número total de pacientes infectados passando de 17.386 para 18.889.
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O sistema de saúde privado e público caminha para o colapso em Campo Grande. Apesar da ampliação no número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), de 227 para 269, 94% dos leitos já estão ocupados, seguindo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende. Se não fosse o acréscimo emergencial de 42 vagas, a situação já seria de calamidade pública.
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Os dados revelam que o toque de recolher antecipado, das 20h às 5h, e as restrições no comércio, que passou a abrir das 9h às 17 desde segunda-feira (20), podem não ser suficientes para conter a doença em Campo Grande.
Na Capital, houve o acréscimo de 928 novos casos em 24h, elevando o número total de casos de 6.420 para 7.348. Além de registrar o dobro de Dourados, com 3,9 mil casos, Campo Grande registrou em um único dia o número registrado ao longo de três meses, entre meados de março e 18 de junho deste ano (902). MS só superou 1,5 mil casos, contabilizado hoje, no dia 31 de maio deste ano.
Das nove mortes confirmadas no Estado, seis ocorreram em Campo Grande, que passou 73 para 79. As vítimas tinham entre 62 anos e 98 anos e comorbidades, como pneumonia crônica, diabetes e hipertensão. Em MS, já são 257 mortes causadas pela covid-19.
Houve acréscimo de 81 casos em Dourados, primeiro epicentro da doença, e mais 73 em Corumbá, onde a pandemia também acelerou nos últimos dias. Rio Brilhante está com 500 casos confirmados, seguido por Bataguassu (443), São Gabriel do Oeste (393) e Chapadão do Sul (297).
Resende manifestou-se preocupado com a situação de Aquidauana, que teve mais 19 casos confirmados em 24h. A prefeitura investiga três mortes causadas pela doença em aldeias do município. O surto ocorreu duas semanas após o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) realizar cerimônia de lançamento da obra de pavimentação do acesso ao Distrito de Taunay. Dois caciques foram internados.
O secretário disse que acionou a Secretaria Especial de Saúde Indígena e a prefeitura de Aquidauana. Várias medidas serão adotadas para conter o surto na reserva indígena.
Epicentro da pandemia, Campo Grande corre risco de entrar em colapso no atendimento aos pacientes. Conforme a Secretaria de Saúde, 94% dos leitos de UTI estão ocupados no município, apesar da ampliação emergencial feita nos últimos dias.
Referência no combate à covid-19, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian está com 97,7% dos 87 leitos de UTI ocupados. Isso significa que o estabelecimento não deverá receber mais pacientes com os sintomas nas próximas horas devido à falta de vagas. “É lamentável que tenhamos chegado a esse ponto, que ultrapassou o ponto crítico no HRMS, unidade hospitalar de referência para o tratamento do coronavírus e atua no enfrentamento da pandemia, por isso as medidas estratégicas são essenciais. Estamos na fase III do Plano de contingência do Hospital. É um alerta vermelho”, explicou Resende.
Das 269 vagas, 156 são ocupados com doentes infectados pelo coronavírus ou com os sintomas da doença. Hospitais particulares, como a Unimed, estão improvisando novas alas para atender os pacientes com covid-19.
Geraldo destacou ainda que 11 crianças estão internadas em decorrência da pandemia, sendo que oito já tiveram resultado positivo.