Medidas de restrição não conseguem frear pandemia e Mato Grosso do Sul registrada novos recordes nesta terça-feira (21), com a confirmação de 20 mortes e 749 casos em 24 horas, conforme boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde. A situação continua fora de controle em Campo Grande, novo epicentro da doença, e Corumbá.
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Outro surto é registrado em Aquidauana, duas semanas após a solenidade de lançamento da obra de pavimentação do acesso ao Distrito de Taunay pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Além de dois caciques, que estão internados no Hospital Regional do município, houve a confirmação de mais 31 diagnósticos positivos.
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De acordo com a secretaria, o número de casos positivos passou de 16.637 para 17.386, com aumento de 749 novos casos em 24h, novo recorde registrado em Mato Grosso do Sul. Apesar do mini lockdown no fim de semana e das medidas de restrição desde ontem, como abertura do comércio das 9h às 17h e restrição a ocupação de apenas 30% da capacidade dos estabelecimentos com acesso ao público, a Capital vê o avanço da pandemia com a baixa taxa de isolamento social.
Com mais 204 casos, Campo Grande passa a contar com 6.420 infectados. Das 20 mortes confirmadas no Estado, que elevou o total de 228 para 248, outro triste recorde, sete ocorreram no município. Foram seis idosos de 81 a 87 anos, que tinham comorbidades, e um homem de 56 anos sem qualquer doença crônica, como diabete ou hipertensão.
Outro dado assustador é o aumento exponencial no número de pacientes internados em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Apesar da ampliação no número de leitos, de 227 para 269 nesta semana, a taxa de ocupação permanece alta. Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, 87% das vagas disponíveis estão ocupadas na Capital.
Isso significa que, no ritmo da propagação do vírus, é questão de dias para a população campo-grandense sofrer com a falta de vagas para internar pacientes com covid-19 em estado grave. A mesma situação ocorreu em outros estados, como Amazonas, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Também houve um repique em Dourados, primeiro município a se tornar epicentro, com a confirmação de mais 105 casos, passando de 3.729 para 3.834. A segunda maior cidade do Estado registrou mais um óbito.
Resende manifestou-se preocupado com o avanço da pandemia em Corumbá, na fronteira com a Bolívia. A Cidade Branca está com 769 casos confirmados e 23 óbitos. Na sequência, a situação é grave em Três Lagoas (519), Rio Brilhante (487), Bataguassu (425) e São Gabriel do Oeste (370).
O caso de Aquidauana expõe a falta de responsabilidade da classe política brasileira. A cidade confirmou 31 novos em 24 horas e, praticamente, dobrou o número de infectados, de 39 para 70. A explosão ocorreu duas semanas após o Governo do Estado reunir centenas de políticos e moradores da região no lançamento da obra de pavimentação.
O Midiamax informou que os caciques Célio Fialho, da aldeia Bananal, e Julison Farias, da Água Branca, foram internados após apresentar os sintomas da covid-19. Eles participaram do evento, que contou com a presença dos secretários estaduais Eduardo Riedel (Governo) e Sérgio de Paula, do presidente da Assembleia, Paulo Corrêa (PSDB), e dos deputados federais Rose Modesto e Beto Pereira, ambos do PSDB. O presidente do legislativo estadual também contraiu a doença.
Na reunião de ontem, o comitê estadual defendeu a adoção de lockdown para frear o avanço da pandemia nas aldeias. Nesta terça-feira, Resende não citou as aldeias aquidauanenses, mas voltou a manifestar preocupação com o avanço da pandemia nas reservas indígenas.
A secretária-adjunta estadual de Saúde, Christinne Maymone, voltou a alertar a população de que a colaboração é fundamental para conter a pandemia. “Não teremos leitos de UTI para todo mundo”, avisou. Ela pediu que a população evite barzinhos, compartilhar tereré e narguilé e adote o distanciamento social.
Como parte do esforço para elevar a taxa de isolamento social, o prefeito Marquinhos Trad (PSD), junto com o governador e o Ministério Público Estadual, acertaram ampliar a fiscalização na Capital. A Polícia Militar e os promotores vão ajudar no cumprimento do toque de recolher, das 20h às 5h, e no mini lockdown no fim de semana.