A quantidade de mortes em decorrência da covid-19 na cidade de Dourados pode dobrar nas duas próximas semanas. É o que prevê o relatório sobre o avanço da pandemia causada pelo SARS-Cov-2 na cidade de Dourados, elaborado por pesquisadores da UFBA (Universidade Federal da Bahia), UFOP (Universidade Federal do Oeste da Bahia) e UFU (Universidade Federal de Uberlândia).
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O estudo, que demonstra não haver sinais de recuo das contaminações, foi solicitado pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, e conduzido pelos pesquisadores Everaldo Freitas Guedes, Fernanda Vasques Ferreira, Fernando Ferraz Ribeiro e Marco Aurélio Boselli.
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Até essa quinta-feira, 28 pessoas morreram e 2.811 contaminações pelo novo coronavírus foram registradas na cidade de Dourados, conforme a Secretaria de Estado de Saúde. De acordo com o estudo, a tendência é de aumento. As observações dos pesquisadores ocorreram entre 23 de maio e 23 de junho e revelaram que, mesmo com a população equivalente a ¼ dos habitantes de Campo Grande, os diagnósticos são significativamente maiores. Somente em maio, a quantidade de infecções em Dourados aumentou 2.563,6% em relação ao mês de abril. No mês de junho, a taxa evoluiu 465,9% em relação a maio.
Além de observar a incidência de casos na cidade, os pesquisadores compararam a situação com Manaus, capital do Amazonas, o primeiro município do país a apresentar colapso no sistema de saúde em decorrência da covid-19. Por meio desse tipo de comparação, os cientistas conseguem prever situações porque já conhecem a trajetória da doença, como se espalha e o que causa à estrutura sanitária.
A comparação é uma ferramenta analítica e, conforme a nota técnica distribuída à imprensa, embora haja limitações, possibilita traçar cenários futuros por meio de modelos matemáticos. Nesse caso, chama a atenção a situação de Dourados aproximar-se do quadro manaura, com velocidade crescente de contaminações.
Entre os problemas enfrentados por Manaus esteve a falta de leitos de UTI para o tratamento de covid-19. Dourados caminha para o esgotamento da oferta desse serviço, considerando que 61% dos 102 leitos da cidade estavam ocupados até essa quarta-feira, como aponta o relatório da Secretaria de Estado de Saúde.
Para os pesquisadores, a única forma de reduzir a situação douradense e evitar novas mortes é o investimento em medidas de isolamento social (distanciamento físico). A ausência de um protocolo eficaz de distanciamento é evidenciado duas semanas após aglomerações, como explica a professora da UFOB, Fernanda Vasques Ferreira.
A professora citou como exemplos duas datas comemorativas emblemáticas, o dia das mães e o dia dos namorados, cujo aumento da circulação da população multiplicou as infecções pelo coronavírus, que só apareceram nos 15 dias subsequentes.
Ainda na avaliação da cientista, os decretos municipais que abordaram o distanciamento da população não tiveram impacto. Uma nova rodada do estudo será apresentada até o dia 9 de julho, antecipou.