Ao contrário do Mato Grosso e de Goiás, Mato Grosso do Sul descartou lockdown e vê a pandemia sair do controle das autoridades. Apenas nesta quinta-feira, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou mais 14 mortes, totalizando 105 óbitos causados pela covid-19 (veja aqui). Além do triste recorde, sem medidas mais restritivas, projeção de especialistas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) projetam que 35.770 pessoas devem ser infectadas pelo coronavírus até o fim deste mês.
[adrotate group=”3″]
O mais grave é que não é apenas a população que ignora a recomendação de isolamento social. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também dá mau exemplo. Na tarde desta quinta-feira, ele reuniu uma multidão para lançar a obra de pavimentação de acesso ao distrito de Taunay, em Aquidauana. O evento reuniu lideranças indígenas, políticos da região, o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa (PSDB), e os deputados tucanos Beto Pereira, Rose Modesto e Felipe Orro.
Veja mais:
Boletim Covid O Jacaré: Supremo recebe pedido de proteção a indígenas contra a covid-19
Pandemia bate recorde assustador em MS com 711 novos casos e 11 mortes em 24 horas
Pandemia bate recorde na Capital e Saúde confirma mais cinco mortes pela covid-19 em MS
Conforme o boletim divulgado hoje de manhã, 9.062 pessoas contraíram a doença no Estado. A Secretaria Estadual de Saúde havia contabilizado 91 óbitos causados pela covid-19. No final da tarde, em comunicado pesaroso, o órgão confirmou mais 14 mortes em Mato Grosso do Sul.
Em apenas dois dias, o número de mortes dobrou na Capital. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, de março até o dia 30 de junho deste ano, a doença matou oito campo-grandenses. Em menos de 48 horas de julho, considerando-se ontem e hoje, Campo Grande já conta com 17 óbitos causados pela Covid-19.
O agravamento da situação foi alertado na quarta-feira pelos representantes do Ministério Público Federal, do Estado e do Trabalho. Em apelo dramático direcionado aos moradores do Estado, eles praticamente imploraram para que a população evite aglomerações, adote o distanciamento social, higienize as mãos e use máscara de proteção facial.
No comunicado, disponibilizado nesta quinta-feira também no site do Tribunal de Justiça (veja aqui), eles citam estudos da UFMS de que o número de casos deverá quadruplicar em 30 dias no Estado, dos atuais 9.062 para 35.770 no dia 31 deste mês.
Há risco de colapso no sistema de saúde público e privado. Conforme estimativa da UFMS, os 199 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensivo) serão insuficientes para atender a demanda no dia 11 de agosto, quando preveem 200 doentes em estado grave no Estado.
Eles ainda destacam os dados sobre o percentual de obesos na Capital. De acordo com o IBGE, 22,5% dos campo-grandenses são obesos e correm risco de apresentar sintomas graves caso sejam infectados pelo coronavírus. Ainda há 24,9% de hipertensos e 5,9% de diabéticos.
“Os sintomáticos/pré-sintomáticos, parte dos infectados pode ter sintoma leve, o que facilita a livre circulação de contaminados e a propagação da COVID-19, com elevado potencial de transmissão àqueles com maior risco de desenvolver a forma mais grave da doença (idosos, cardíacos, obesos, diabéticos, hipertensos, fumantes etc.), o que também pode ocorrer com pessoas fora dessa faixa de risco”, alertam.
“Por tudo isso, alertamos e convocamos a população de Campo Grande para que adote e intensifique as medidas de prevenção. Saiam somente para o necessário e permaneçam em suas residências durante o horário do toque de recolher. Mantenham os ambientes ventilados, a distância segura das pessoas (1,5 metro no mínimo), permaneçam atentos às medidas de higiene e etiqueta social recomendadas pelas autoridades sanitárias e façam uso de máscara de proteção facial sempre, em todos os estabelecimentos públicos ou privados, sejam comércio, shoppings, templos religiosos, bancos, repartições, bares, restaurantes, passeios públicos, dentre outros. É muito importante que as exigências feitas pelos Decretos Municipais sejam fielmente cumpridas por todos!”, pediram.
O colapso no sistema de saúde sul-mato-grossense também foi previsto pelo infectologista Rivaldo Venâncio, pesquisador da UFMS e da Fundação Oswaldo Cruz. Conforme o Campo Grande News, o professor já considera inevitável que se repita em MS o colapso registrado em outros estados brasileiros.